9.4.11

«Compactidade»

Qualidade do que é compacto

      A língua é o que é e não aquilo que queremos que seja. Ontem perguntaram-me que nome se dá àquele que revela bonomia. Pois é. Agora, trata-se de algo semelhante, mas já resolvido (veremos se bem ou mal). Que nome se dá à qualidade ou estado daquilo que é compacto? Ocorre-nos logo, se tivermos a cabeça no lugar, compactidade. Foi o termo a que chegou — sem mérito especial, pois é a forma encontrada por Rebelo Gonçalves no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa — Fernando Venâncio Peixoto da Fonseca numa consulta no Ciberdúvidas. Mas estará dicionarizado? Não me parece. O termo que por aí corre — e tenho as provas de uma obra sobre urbanismo à minha frente em que se usa — é compacticidade. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora e o Dicionário Houaiss registam compacidade, mera colagem ao francês compacité, derivado irregular. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora deixa tudo nas mãos do leitor: regista compacidade, compactidade e compacticidade. A escolha está feita.


[Post 4671]


4 comentários:

Anónimo disse...

Podemos e devemos dizer (e aliás já foi dito, cuido que por Sá Nogueira) algo parecido de «ridicularizar», que todo o bicho-careto emprega. Com efeito, de «ridículo» esperar-se-ia «ridiculizar» (que é o que eu digo, e também está dicionarizado), porque não existe «ridicular», assim como existe por exemplo «popular», donde «popularizar». «Ridicularizar» é... ridículo, o que não o vai impedir de continuar a grassar grosso e grosseiro.
— Montexto

Anónimo disse...

Mas verifico, Helder, que a minha edição do Dic. da Porto Editora, a 8.ª, 1999, ainda não regista as censuráveis «compacticidade» e «compacidade», mas só a boa «compactidade». Não só as traduções, também os dicionários, quanto mais antigos, melhores. Exceptis excipiendis.
— Mont.

Bic Laranja disse...

Há também por aí também o risível que é, em todos os sentidos, ridículo. Este alvor de "risibilidade" é um enjoo.
Cumpts.

Anónimo disse...

Mas às vezes por caminhos pouco ortodoxos chega-se a resultados tão certeiros, que nem o purista mais supercilioso enjeitaria. Por exemplo este de José Gonçalves no blogue «Máquina de Lavar», 09.IV.2011: «Quem, no seu perfeito juízo político, aceitará, sem qualquer rebuço, um “Compromisso para Portugal”, onde, entre ilustres e bem-intencionados subscritores, consta Jorge Sampaio, avô da bancarrota socretina?»
Vai já, já para a minha 8.ª do da Porto Ed.
— Montexto