Precipitar-se no abismo
Numa composição, uma aluna escreveu que as colegas «aficçaram um cartaz com os trabalhos do Carnaval». Uma colega declarou todos os rapazes «maliducados». Jornalistas em embrião. Mas vamos ao que interessa.
«[…] e reza a lenda que terá sido erguida sobre as ruínas de uma outra, de uma pequena ermida dedicada a uma imagem de Nossa Senhora que terá misteriosamente aparecido no promontório do cabo Espichel, isto, claro está, há muitos, muitos anos atrás. […] Pouco depois, um clarão de enormes proporções, uma luz intensíssima iluminou toda a costa, vinha do alto de um promontório, e graças a ela o navio viu com clareza a costa, conseguiu evitar despenhar-se nas rochas e chegar a bom porto» (Mafalda Lopes da Costa, Histórias Assim Mesmo, 8.04.2011).
Sobre «uma outra» e «há anos atrás» já adverti várias vezes. Um navio pode despenhar-se nas rochas? Despenhar-se não é precipitar-se, cair de grande altura? Só se fosse uma lancha voadora! Junto à costa há bons despenhadeiros, sim, mas para quem está em terra.
[Post 4670]
(A propósito: actualizei a hiperligação aqui ao lado para os dicionários de Bluteau e de Morais, verdadeiros monumentos da língua portuguesa.)
2 comentários:
Se não me engano, em texto de 8 avaras linhas contei 6 «um»: chamam-lhe suinização da língua.
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Quanto à hiperligação ao Bluteau & Morais, parabéns. Só é pena não terem digitalizado a 2.ª e última edição autêntica do Morais, que talvez seja melhor...
— Montexto
Aficçaram é afiçaram segundo o Acordo (Orto)gráfico de 90.
À atenção dos que o seguem.
Cumpts.
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