8.4.11

Ternura/tenrura

Ei-las

      «A lavagem dos cérebros existe. Há um trio de iguarias com fama de serem melhores quando são congeladas: os polvos, as framboesas e as ervilhas. Como em todos os exercícios de propaganda, há um elemento de verdade. O polvo, de facto, ganha acrescida ternura se for congelado» («Eis as ervilhas», Miguel Esteves Cardoso, Público, 8.04.2011, p. 41).
      Em espanhol, um bife é tierno, «tenro», como uma pessoa é tierna, «terna». Azar o deles. Nós, inventivos e inteligentes, do mesmo étimo latino formámos duas palavras divergentes: «terno» e «tenro». E assim temos ternura e tenrura. As ervilhas que ontem cozeram no Café das Patrícias, nas Azenhas do Mar, por grandes afectos que tenham provocado nos comensais, só se podiam distinguir de outras, congeladas ou não, pela tenrura.

[Post 4668]

4 comentários:

Anónimo disse...

É impressionante! Mas ainda espero não me ir desta sem ouvir gabar a meiguice da dobrada e a lealdade do bacalhau...
— Montexto

Anónimo disse...

Ah! Ah! Ah! O Helder já havia matado a charada, e o Montexto deu-lhe a última pá de terra.

MEC disse...

Que sorte é a minha, de ver a minha ignorância ilustrada, por quem sabe do que fala e do que escreve.

O meu pai corrigia-me sempre, ensinando-me onde errava e ajudando-me a escrever português.

Obrigado, Helder, por te dares ao sábio trabalho de me corrrigir e esclarecer!

Um abraço aluno e amigo,

Miguel

Anónimo disse...

Uma vez que o grande MEC demonstra tanto empenho em aprender português, endireitemos-lhe o § 1.º: «Que sorte a minha, ver a minha ignorância ilustrada por quem sabe do que fala e do que escreve.»
(Mas ainda se podia melhorar evitando-se a repetição de «minha» tão próxima.)
No entanto, apreciemos e admiremos o achado do «abraço aluno e amigo».
— Mont.