Pouco vista
«Provocadora, parou dias desses numa banca de revistas na Oscar Freire e deixou o pobre do vendedor em estado de hebetude ao indagar se não tinha adesivo também para a vovó cadeirante» («Desculpe tocar no assunto», Humberto Werneck. O Estado de S. Paulo, 24.04.2011, C8).
É palavra mais que rara. Significa entorpecimento, letargia, torpor, e actualmente só no âmbito da medicina é usada. Só esporadicamente surge na literatura.
«E o Joanico, voltado para a janela, encadeado da luz, pasmado, perplexo, a bôca aberta numa expressão de hebetude, repetia sempre, respondia sempre, como um eco:
— Não sei... Não sei...» (Pátria Portuguesa, Júlio Dantas. Lisboa: A. M. Pereira, 1914, p. 181).
[Post 4724]
5 comentários:
Em seis dicionários brasileiros onde há o verbete, dois contêm abonação de Júlio Dantas, diferentes desta do blogue; ele era médico.
O próprio Aquilino passou esse contrabando. Então agora que acabaram com os guardas-fiscais!...
— Montexto
Hebetude é latim puro; está em J.P. Machado. Se passou pelo francês, caso se considere como de '-tude', é questão menor; se veio de '-ude', como é também possível, nem transpôs os Alpes, veio por mar. No meu modestíssimo entender, SEO.
Nunca o vi empregado por autor acima de toda a suspeita, e, pelo bom povo, nem é bom falar, nem sequer por pessoas selectas, e, se algumas o usam, não é por vir do latim, mas por o terem lido e treslido no franciú. Para uma palavra ser legítima e recomendável, há-de passar mais provas do que provir do latim e constar deste ou daquele dicionário.
— Montexto
Hebetude chegou hoje ao Priberam.
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