4.4.11

Linguagem

Qualidade de

      Não podemos esperar que os dicionários registem todas as palavras, mesmo que a sua frequência de uso e boa formação o justifiquem e o recomendem mesmo. Contudo, destas quatro palavras — atlanticidade, edificabilidade, maritimidade, perificidade — que os dicionários não acolhem, somente a ausência de «edificabilidade» me causa estranheza (e não sou arquitecto). Se não podemos comparar, por exemplo, «atlanticidade» com «casualidade», podemos pô-la a par de «ocidentalidade» — e esta figura nos dicionários.


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13 comentários:

Paulo Araujo disse...

Prezado Helder,
Quando você diz 'dicionários' estão incluídos os publicados fora de Portugal?

Anónimo disse...

Isso era um nunca mais acabar...
— Montexto

Helder Guégués disse...

Não, só os editados aquém-Atlântico. Mas gostava de saber o que se diz por aí.

Paulo Araujo disse...

O Houaiss, o Aurélio e o Melhoramentos têm 'maritimidade', o que não é de estranhar, dada a nossa característica, bem lembrada desde os tempos de Frei Vicente do Salvador (autor da primeira História do Brasil, 1627), que reclamava de os colonizadores só quererem viver arranhando as costas nas praias, como caranguejos. A definição do Melhoramentos é (e até surpreende) a mais completa:
"sf (marítimo+i+dade) Caráter de uma região causado pela relação do desenvolvimento costeiro, superfície e comprimento de seus limites." A maritimidade de Portugal (histórica, econômica e psico-social) é tão flagrante que causa espécie não constar nos dicionários portugueses (tenho o da Academia e o da Porto, este o menor; por enquanto).

Helder Guégués disse...

Caro Paulo Araujo,
E as outras palavras? E que regista o grande Sacconi?

Paulo Araujo disse...

Todos ficam devendo, todos.
Quanto à maritimidade de Portugal, gostaria de lembrar que seu país é um dos dois ou três que já extraem energia elétrica do movimento das ondas e das marés; limpa, de alta tecnologia e custo de manutenção aceitável.

Bic Laranja disse...

Vamos com calma. Com o jeito que isto leva ainda havemos de ver a "excepcionabilidade" (que também se presta à abortografia) como qualidade do quer se pode excepcionar; e não exceptuemos a "medicabilidade" como qualidade encoberta de certas ambulâncias... medicalizáveis.
Cumpts.

Anónimo disse...

Ainda havemos de ver!... Já vemos pelo menos desde o da Acad. das Ciênc. de Lx, 2001, que regista — «excepcionalidade» como carácter do que constitui desvio à regra, ou do que é superior, excelente (como por exemplo esta nova linguagem), — e «excepcionar» como apresentar excepção em juízo a alguém ou alguma coisa.
Hoje em dia qualquer pode formar palavras do que e como lhe der na real gana, que ninguém lhe dirá olé. Se algum risco vier a correr, será o de se ver canonizado.
— Mont.

Paulo Araujo disse...

Minha correção: 'psicossocial'; antes do AO eu sabia usar o hífen, hoje tenho muitas dúvidas; enquanto não me acostumar, vou ter muito que consultar a nova regra.

Bic Laranja disse...

E pronto!
O da Academia é filho daquele Malaka, não é verdade?...
Cumpts.

Bic Laranja disse...

Não cuidou, pois, o tal Malaka que o desvio à regra era "excepção" e não o aberrante.
Cumpts.

Anónimo disse...

É. Malaca Casteleiro, se bem me lembro. Aquele encontro da última sílaba com a primeira não augurava nada bom...
— Montexto

Bic Laranja disse...

Ahahahaha!