Corta!
«Em geral», escreveu aqui uma vez Montexto, «na fala só a repetição torna a irregularidade ou o deslize realmente censurável.» Estamos de acordo. Nada disso, porém, se aplica ao programa Lugares Comuns (Mafalda Lopes da Costa, Antena 1, 18.04.2011), cujo guião é escrito antecipadamente e pode ser revisto e, ao que julgo, não sendo em directo, pode ser regravado. A emissão de hoje era sobre a expressão «jovem turco». Mafalda Lopes da Costa explicava então que é aquele que tem «sède de poder». Assim mesmo, /sède/ — local onde funciona um tribunal, uma administração ou um governo, local onde uma instituição tem a sua direcção ou administração... Não, não, não, cara Mafalda Lopes da Costa: /sêde/, desejo vivo, ardente, imoderado — de poder, de cultura, de vingança...
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1 comentário:
Vemo-nos pois constrangidos a provar o evidente e a explicar o óbvio, inclusive ululante: uma responsável por programa radiofónico de língua portuguesa confunde sede (local de administração, etc., pron. «séde») com sede (desejo de água, etc., pron. «sêde»), e Fernando Venâncio informou-me de que «esta Senhora merece um blogue só para ela» é não só bom, mas até excelente português, e demonstração da inteligência humana, do afunilamento do que me ensinaram, e da folga dos idiomas.
Realmente há-de ser isso. Agradeço a lição, que muito me edifica.
Mas tanta folga e folgança têm dado a este idioma, que já não haverá quem o chegue ao rego. O que aliás só lamentará quem alguma vez conheceu o rego e ainda guarda umas noções dele, sequer vagas, ou seja, muito poucos e sempre menos, nestes tempos de rasa campanha.
— Montexto
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