Escrever é cortar palavras
Na última Puntycoma, Juan Luis Conde, a propósito da perda da sensibilidade no uso dos pronomes por influência da exposição à língua inglesa, aduz um exemplo interessante. Nos mapas urbanos com que os transeuntes topam nas ruas de Madrid (e de Lisboa, para o nosso caso), encontrarão uma localização marcada com um ponto vermelho (ou um círculo) e a legenda «Você está aqui». Conclui Juan Luis Conde: «De nuevo ese texto delata una erosión en la capacidad para percibir diferencias en la posición de las palabras, causada por seguidismo perruno de mapas urbanos originales en inglés, donde el pronombre precede inexcusablemente al verbo en las oraciones enunciativas. Pero, no, en castellano no es lo mismo “Usted está aquí” que “Está usted aquí”». Para o que nos interessa, a simples omissão do pronome resolvia a questão. Pior é a superabundância, nada consentânea com o génio da língua portuguesa, de pronomes possessivos nas traduções, numa cópia servil e impensada do inglês. Disso também se ocupa Juan Luis Conde e já foquei aqui no Assim Mesmo. Não é raro ter de eliminar centenas — leu bem, centenas — de pronomes possessivos nas traduções que revejo.
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27 comentários:
Essa do "Você está aqui" é por todo o lado onde haja um mapazinho. Dá-me sempre vontade de escrever por baixo: "Você é estrebaria!".
'Vossa mercê está aqui', seria aceitável?
Vossa Mercê, com maiúscula, sempre é melhor. Mas o primeiro anónimo decerto preferiria "Estás aqui".
Nada disso, o primeiro anónimo preferia "Está aqui", como sugeriu o Helder.
Caro anónimo segundo e Paulo Araújo, é bom não esquecer que não podemos comparar o "você" brasileiro com o "você" português.
Em Portugal "você" (ainda) é considerada uma forma pouco respeitosa de tratamento e usada sobretudo por pessoas com pouco nível de instrução. Apesar do bombardeamento de "vocês" das telenovelas brasileiras durante as 3 últimas décadas, ainda assim é Portugal. Daí o velho dito popular "você é estrebaria".
Por exemplo, quem tem de lidar com clientes sabe que não se trata um cliente por "você", pelas razões atrás apontadas. Incluse, nos centros de atendimento telefónico, é rigorosamente proibido usar tal palavra.
Realidades distintas, caros comentadores, a que convém estar atento antes de comentar.
A este propósito, consultem esta entrada do Ciberdúvidas que acho pertinente para esta discussão:
http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=27510
No blogue ASPIRINA B, escrevi a 18-VI-2006, sob o título de «Você»:
Há o «você» tímido. Julgávamos poder usar «tu», mas receamos ferir. «Você podia baixar o som?»
Há o «você» jogando pelo seguro. Usar «o senhor» parece-nos exagerado respeito, mas falta-nos descaramento para o «tu». Costuma durar pouco.
Há o «você» prepotente. É o do patrão com o trabalhador. O do mandão das berças com o empregado de mesa na cidade.
Há o «você» desdenhoso. Quando substitui um «tu» já instalado, é assassino.
Há o «você» carinhoso. O que usamos com as crianças. Evita-se o pronome, mas usam-se as formas verbais. «Ande, coma a papinha».
Há o «você» filial. É comum no Norte, mas raríssimo no Sul.
Há o «você» anti-autoritário. Usam-no os pais para os filhos. Mesmo quando os filhos os tratam por… «tu».
Há o «você» telenovela. Ninguém se lembraria de usá-lo, não soasse ele tão brasileiro. Sente-se a gente um pretendente duma sinha moça, ou ela própria.
Há o «você» publicitário. «Existimos para você».
Há o «você» snob. Usam-no em boas, mas muito boas famílias, o homem para a mulher, a mulher para o homem. O irmão para a irmã, a irmã para o irmão. «Maninha, traga-me o jornal, seja simpática».
Há o «você» de escritório. Dez, vinte, trinta anos, dia após dia ao lado daquele tipo. Mas nunca lhe hei-de dar confiança. Mesmo quando sairmos daqui velhinhos.
Há o «você» quem-quer-que-você-seja. Um mapa, uma setinha e a informação «Você está aqui»
Conhece você outros «vocês»? Diga quais.
*
O original está aqui (merecem a pena os comentários):
http://aspirinab.com/visitas-antigas/fernando-venancio/voce/
Já aqui me referi duas ou três vezes às duas regras de ouro da língua portuguesa segundo António Feliciano de Castilho, — de tamanho momento que se deviam gravar em toda a sala de aulas de Português, e nunca será de mais repeti-las com Mário Barreto nos Fatos da Língua Portuguesa, 3.ª ed., fac-similar, reproduzida da 1.ª ed., em convénio com o Instituto Nacional do Livro, Fundação Nacional Pró-Memória e com a Fundação Casa de Rui Barbosa, Ministério da Educação de Cultura, Presença, Rio de Janeiro, 1982, p. 27-31:
I — PRIMEIRA REGRA
«Em quanto à sintaxe de construção ou colocação dos “Novíssimos Estudos”, observa o meu crítico que sou inclinado às inversões, naturalmente porque não escrevo em francês traduzido, que parece ser o que por aí se denomina escrever hodierno”, mas, imitando os bons modelos da língua, fujo da construção directa francesa, que é quási a única empregada [reparai bem mais uma vez, novíssimos: «a única empregada», e não «a única empregue», como vós por aí garatujais] por alguns críticos jovens. Não vou com certa tendência que actualmente se observa, e a meu parecer funesta, para a introdução em nosso idioma da ordem directa da frase francesa, o período do agente, verbo e complemento, — estrutura fraseológica de uma pobreza e monotonia supremas — em substituição da construção indirecta que ilustraram tão gloriosamente os nossos antepassados. Há nos escritores de hoje em dia páginas inteiras que parecem literal tradução do francês. Dê-me licença que o brinde, Senhor Crítico, com as seguintes palavras do velho Castilho, que foi um mestre no traslado da língua francesa para português limpo de galicismos, quer na palavra, quer no boleio da frase:
“O péssimo de todos os galicismos, mais frequente, o que já vai tanto de foz em fora, que nem nos arriscamos a futurar se haverá diligências que lhe tenham mão, é o galicismo de construção e contextura de período.
“Uma diferença característica dos períodos, francês e português, é esta: que o francês se adstringe, quási sem excepção, à chamada ordem gramatical, colocando primeiro o sujeito, depois o verbo, por último o complemento, quer este seja atributivo, que objectivo; isto é, ou designe predicado ou paciente, segundo a natureza neutra ou transitiva do mesmo verbo. O português quanto mais genuíno, tanto mais propende para pôr primeiro o verbo, e depois o seu agente; e se constantemente o não faz, é porque algumas vezes lho embarga a suprema lei da clareza, outras a da harmonia.
“Assim, quando o francês diz: ‘Le roi était à cette époque a Versailles’; o português traduz: ‘Estava el-rei naquele tempo em Versalhes’.
“ ‘Il le priat de l’écouter’. ‘Pediu-lhe ele que o ouvissse’, ou ‘Pediu-lhe o ouvisse’.
“Cette invention a été une des plus avantageuses’. ‘Foi este invento um dos mais prestadios; ou, ‘Foi este um dos mais prestadios inventos’; ou, ‘Dos inventos mais prestadios um foi este’; ou, ‘Invento foi este dos mais prestadios’.
“Para este caso ainda haveria mais variantes, desenganadamente preferíveis, por parte da vernaculidade, àquela forasteira construção.
Assim como acabamos de ver que o nosso uso prefere a anteposição do verbo ao sujeito, assim se pode observar que também o complemento do verbo se lhe antepõe com muito acerto, e para não irmos trazer os exemplos de mais longe, aí vão alternadas frases da oração dominical numa e noutra língua: ‘Que votre nom soit santifié’: sujeito, verbo, atributo. ‘Santificado seja o vosso nome’: atributo, verbo, sujeito. [Segue-se o resto do pai-nosso em francês, sempre na ordem directa e com frases introduzidas por «que», e em português, sempre na ordem inversa e sem frases introduzidas por «que».]
— Montexto
II — SEGUNDA REGRA
a)
“Outra liberdade nossa, de que nos querem a toda a força despojar e de que nós devemos forcejar por manter a todo custo, é a de omitirmos o sujeito, todas as vezes que ele não pode deixar de se entender. Assim o ‘eu’, o ‘nós’, o ‘tu’, o ‘vós’, o ‘ele’, o ‘eles’, o ‘ela’ e o ‘elas’, com que o pobre francês anda todo empecilhado, quási que não aparece na escrita de quem sabe o que é português.
“O francês diz: ‘je vins, je vis, je vainquis’; o português: ‘cheguei, vi, venci.’
“O francês: ‘’tu es un lache; tu as battu une femme; tu n’es pas digne de porter le nom d’homme’; o português: ‘covarde és; espancaste uma mulher; não mereces nome de homem.’
“O francês: ‘je lui ai dit que si elle voulait elle pouvait bien déjouer ce piège qu’elle m’avait tendu’; o português: ‘disse-lhe eu que, se ela quisesse, bem podia destramar o laço que me armara.’
“Com as supressões desta espécie encurta-se a notavelmente a escrita e sai logo muito mais elegante.
b)
“Os possessivos dos pronomes: ‘eu, tu, nós, vós, ele, ella, eles, elas’; inçam não menos e carcomem o francês e dele se tem pegado nojentamente ao português; evitem-se, pois, com igual cuidado e o mais que ser possa, os adjectivos: ‘meu, minha; meus, minhas; nosso, nossa; nossos, nossas; teu, tua; teus, tuas; vosso, vossa; vossos, vossas; seu, sua; seus, suas’; que será outra grande economia, elegância e correcção.
“O francês que diga: ‘ce que je sens dans mon coeur’; o português: ‘o que sinto no coração’; o francês: ‘nous avons dans notre âme des facultés admirables’; o português: ‘temos na alma admiráveis faculdades’; o francês: ‘tu a ton amis, ta femme, tes enfants’; o português: ‘tens o amigo, a mulher, os filhos’; o francês: ‘voulez-vous conserver votre repos, votre bonheur? conservez votre vertu’; o português: ‘quereis conservar descanso e ventura? conservai a virtude’, etc.
— Mont.
III — CONCLUSÃO
“Concluamos afirmando, que, por mais pobres que sejais de termos portugueses, de chistes, donaires, e primores da língua, bastará observardes com atenção estes dois fáceis preceitos, para que o vosso escrever tome logo um sabor de vernaculidade, muito apetitoso para a nossa gente.
“1.º preceito: Refugar do discurso os atravancos dos pronomes e dos possessivos;
2.º preceito: Colocar os termos que vos restarem em ordem diversa da francesa, e mesmo contrária, aqui fugir do francês, é chegar para o latim; e chegar para o latim, é adquirir novos meios para produzir com o discurso bizarros efeitos artísticos e até lógicos.”»
— Mont.
IV — CODA
Outro dia trasladei para aqui aquilo de Philip Larkin (apud Simon Leys, L’Ange et le cachalot, Seuil, 2002, pp. 137-138) : «A dire vrai, il me semble au fond que les langues étrangères ne comptent pas [foreing languages are irrelevant]. Si ce machin en verre là-haut est une window, eh bien alors ce ne peut pas être une Fenster, ou une fenêtre, ou n’importe quoi d’autre. «Hautes Fenêtres», bon Dieu! Un écrivain ne peut avoir qu’une seule langue, si la langue a pour lui vraiment de l’importance.»
E hoje, relendo Nelson Rodrigues, deparou-se-me este passo, muito sublinhado na primeira leitura: «Se querem saber, não sei francês. Não sei nenhuma outra língua além da minha. As coisas só existem na minha própria língua» (O óbvio ululante, Companhia das Letras, São Paulo, 2003, 9.ª reimpressão, p. 223).
Mas realmente estas posturas pertencem ao passado. Ao presente, antes se jurará que para os novíssimos só importam as línguas estrangeiras — entenda-se: bife ou franciú, agora mais aquele do que este, — só nas quais as coisas verdadeiramente existem para eles.
— Mont.
Obrigado pela aula, Montexto. Eu já sabia da significação de ‘você’ (a palavra, não o Senhor), em Portugal. Está no Houaiss, muito bem explicado. Só não sabia a que ponto ia a restrição. Aqui também um médico nunca chamaria seu paciente de ‘você’, ainda mais se este fosse mais idoso, ou fosse a primeira consulta. A diferença é que aqui se está perdendo a conotação, ‘de cima para baixo’ ou ‘de baixo para cima’ e se alguém considerar indevido ser chamado de ‘você’, sê-lo-á apenas pela invasão de privacidade, por uma intimidade que não foi dada, não por sentimento de hierarquização do termo. E quando se trata alguém por Sr. ou Sra, em vez de ‘você’, apenas se está fazendo, não por obrigação social, mas porque se pretende ser, voluntariamente, apenas respeitoso.
Não estou, com meu comentário, censurando o trato que, perdoe-me, vocês Portugueses dão ao termo, afinal são os donos da língua; estou apenas querendo entender, provocando estes comentários tão agradáveis, esclarecedores e educadores que nosso amigo comum, Helder, nos proporciona.
Talvez tenha sido mal acostumado, pois sempre tratei meus pais de ‘você’ e foram os dois seres a quem dediquei mais respeito. Serei, aqui, mais cuidadoso, doravante.
Na 2.ª regra, a), «e que nós devemos forcejar por manter», e não «de que nós devemos forcejar por manter».
— Montexto
Os "donos da língua" também não, senhor Paulo Araujo! Não lhes alimente essa empáfia!
O Helder mudou a ordem dos nossos comentários. Assim, o meu, tardio, mas agora em quinto lugar, poderia passar despercebido. Não sei se seria pena. Se calhar não é.
A pedido de um leitor, substituí um comentário, o que coincidiu com a entrada de outros.
Sempre que um comentário relevante sobre um texto mais antigo for publicado, darei conhecimento no Twitter. Bem sei que há outras formas de o fazer, mas não neste modelo do Blogger. Assim, Montexto acaba de enviar um comento ao texto «Enformar/informar».
Parece que Paulo Araújo julga que sou eu o autor dos comentários anónimos sobre «você», a propósito do que enviei um, que ou se desencaminhou, ou não passou na joeira; mas os visíveis não são meus.
- Mont.
Boa ideia, Helder!
Infelizmente, não tenho conta no Twitter e reluto em criar uma... Mas infelicidade maior ainda é esta plataforma ser tão limitada! (E ainda persiste o problema das entradas de início de mês, que ficam invisíveis, não?).
Desculpe-me Montexto, pela má formação sintática do meu texto; a parte que lhe toca é a aula dada a respeito das boas regras da língua.
Os 'vocês' do Sr. Venâncio são excelentes, mas de difícil memorização para uso correto, no momento oportuno, sem ferir susceptibilidades. Só faltou o meu, de filho para pais. Mas aí já é brasileirismo. Aproveito para corrigir um 'perdoem-me', no meu comentário sobre o tema.
Não falta, caro Paulo. Está aqui (é o quinto da minha lista):
Há o «você» filial. É comum no Norte, mas raríssimo no Sul.
Realmente, no Norte de Portugal é (pelo menos era) comum tratar o pai ou a mãe por «você». No Sul, donde eu sou, é quase pecaminoso.
Mas lembre-se de que se trata dum "você" de Portugal, que não tem sociolinguisticamente nada a ver com o do Brasil.
Caro F. Venâncio,
qual é a forma de tratamento familiar mais comum no sul? Tu? O senhor/ a senhora?
No norte, donde sou, o tratamento é por você ou tu. Embora os meus primos da aldeia ainda chamassem "ó senhora minha mãe" ou, abreviando: «ó minha mãe". Que sempre me soou arcaico, claro.
Cumprimentos.
TR
Caro TR,
Pergunta-me: «Qual é a forma de tratamento familiar mais comum no sul? Tu? O senhor/ a senhora?»
Pois aqui vai. Aqueles que não tratam os pais por tu (e são de há décadas [sim, de há décadas] em número crescente), tratam-nos por o pai / a mãe, morfológica e sintacticamente paralelos a «o senhor / a senhora».
Devo dizer que, como miúdo do sul, eu ficava chocado, na minha adolescência bracarense, com o tratamento de «você» dado aos pais pelos meus colegazinhos. Eu admitiria «vossemecê». Mas, na minha mente, «você» era reles, canalha... enfim, estrebaria. Foi um choque cultural — muito formativo, evidentemente.
Por o ter ouvido e visto — claramente visto e ouvido — sei que no Norte, ainda não haverá muito, em famílias de mais respeito os filhos tratavam os pais por «senhor» ou «senhora».
Mas asseguram-me alguns amigos trasmontanos que entretanto por lá também têm vindo a evoluir e a modernizar-se muito, e ultimamente, a bem dizer, é tudo tu cá, tu lá.
— Montexto
Caro Montexto,
Em que sentido é que uma família em que todos se tratam por «tu» não seria «família de mais respeito»?
P.S.
Não trato os meus pais por «tu».
Acredito.
Mas eu trato os meus.
E não disse que essas famílias são de mais respeito por os (pelo facto de, aproveitaria já um novíssimo para escrever) seus filhos tratarem os pais por senhor; disse que nas de mais respeito se costumava esse tratamento. Se era, ou também era, esse tratamento que lhes conferia esse, digamos, ar respeitável, já seria temerário afirmá-lo.
- Mont.
Onde escrevi «Mas eu trato os meus», queria escrever «Nem eu os meus».
- Mont.
Saudações.
Sigo o blogue com atenção há já algum tempo e, como tradutor, já aqui esclareci muitas dúvidas.
Contudo, ao cruzar-me hoje com este tópico, confesso que fiquei confuso.
Nunca tinha ouvido dizer que o uso de "você" era errado ou "pecaminoso".
Sou da região centro litoral do país e, para mim, tratar alguém mais velho por "você" é uma questão de respeito e não o contrário.
Já quanto à questão levantada nesta rubrica pelo Hélder, também nunca percebi que "Você está aqui" tivesse algum problema linguístico. Se eu lesse "Está aqui", perguntaria logo "Está aqui o quê?", ainda que pudesse subentender que se referisse à minha posição no mapa, e se lesse "Estás aqui", embora o preferisse, acharia que é demasiado direto. Concordo que existe um claro excesso do uso desnecessário de pronomes, especialmente no âmbito da tradução, mas neste caso, não vejo onde está o problema. Na minha opinião, sem pronome, perde-se o sentido do sujeito e ganha-se em ambiguidade. Há possibilidade de um esclarecimento mais aprofundado sobre esta matéria?
Agradecido.
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