7.5.11

Gentílicos e maiúscula

Rigor germânico

      «Os Gregos abordaram de forma inútil o movimento dos corpos e confundiram o mundo durante 2 mil anos: o seu estilo de formular questões sentados em poltronas era mais apropriado à matemática e à ética do que à física» (O Dedo de Galileu, Peter Atkins. Tradução de Patrícia Marques da Fonseca e Jorge Lima. Revisão de Ana Isabel Silveira. Lisboa: Gradiva, 2007, p. 112).
      Só serve para exemplificar, porque está correcto. A última moda, ao que vejo, é grafar com maiúscula inicial apenas os gentílicos antigos! Celtas, Maias, Astecas... Acreditem. Tudo sancionado por revisores, imagino. Só gente como eu e Harri Meier († 1990), um simples romanista conceituadíssimo, propugnam o contrário (e as gramáticas, claro): «Nos etnónimos, exige-se a maiúscula quando se trata das populações em conjunto, seja que a coletividade se exprima no plural ou no singular (os Portugueses, “o Português gosta de bacalhau” = “os Portugueses”), ao passo que precisamente as individualizações requerem a minúscula (muitos americanos, quaisquer americanos, o brasileiro)» (Ensaios de Filologia Românica, Vol. 1, Harri Meier. Rio de Janeiro: Grifo, 1974, p. 199). Só não faço assim quando o «livro de estilo» das editoras manda fazer o contrário.

[Post 4756]

3 comentários:

Bic Laranja disse...

" Muitos Gregos admiravam o código moral dos Persas e a sabedoria dos Egípcios. A dívida - material, intelectual e artística - que os Gregos tinham para com os povos do Oriente, raramente era esquecida. Contudo, estes povos eram barbaroi, estrangeiros, e equiparados aos Trácios, Citas e outros, embora não confundidos com eles. E isto apenas porque não falavam grego? Não; o facto de não falarem grego representava uma diferença profunda. Significava que não viviam nem pensavam à maneira grega. Todas as suas atitudes atitudes perante a vida pareciam diferentes; e, por muito que um Grego admirasse ou até invejasse um «bárbaro», por este ou aquele motivo, não podia deixar de dar conta dessa diferença."
Kitto, Os Gregos, 3ª ed., Arménio Amado, Coimbra, 1990, p.12. Trad. do Inglês e pref. de José Manuel Coutinho e Castro; rev. Mª Helena da Rocha Pereira.
Venham daí os quinaus...

Anónimo disse...

Exactamente.
— Montexto

Anónimo disse...

Ah! só agora reparei: «Os Gregos abordaram de forma inútil o movimento dos corpos e confundiram o mundo durante 2 mil anos». Lembre-se mais uma vez que «abordar um assunto, uma questão», etc., no sentido de «tratar ou tocar um assunto», etc., é galicismo, e, pior que galicismo, escusado.
— Mont.