11.3.06

Concordância

Passivos&Activos

«Na clausura fabrica-se hóstias para vender à diocese, mas também se faz dinheiro com terços e pagelas desenhadas a esferográfica pelas carmelitas.» A frase é da jornalista Cândida Pinto na revista Única (n.º 1738, 18.2.2006, p. 42). Embora não pareça, a construção é a típica da voz passiva, mais concretamente, passiva de -se, pronominal ou reflexa. Naturalmente, a concordância, questão nuclear na nossa língua (sim, é verdade que há diversos tipos de concordância, um dia lá chegaremos), deverá ser respeitada, devendo escrever-se: «Na clausura fabricam-se hóstias.» Se não queria escrever assim, ou porque não lhe apetecesse ou porque pressentisse que no Universo iria surgir uma criatura, eu, que a contrariaria, à jornalista restavam várias alternativas, e uma delas era escrever «Na clausura são fabricadas hóstias».
«Na clausura fabricam-se hóstias.»
«Na clausura fabrica-se a hóstia.»
«Na clausura são fabricadas hóstias.»
«Na clausura é fabricada a hóstia.»
«As hóstias fabricam-se na clausura.»
«A hóstia fabrica-se na clausura.»
«Fabricam-se hóstias na clausura.»
«Fabrica-se a hóstia na clausura.»