8.3.06

Cultura: Homero

Ignorância clássica

Conhecemos, dos estudos de cultura clássica, a Questão Homérica*, que, em poucas palavras, versa sobre a autoria dos poemas homéricos, Ilíada e a Odisseia. Da análise destes, os especialistas concluíram que a linguagem apresenta não apenas marcas de diversas épocas, como elementos de quatro dialectos: arcado-cipriota, ático, eólico e iónico. Este facto, a juntar às dúvidas sobre a data de composição e à descoberta de que assentam numa técnica de improvisação oral, determinaram a opinião de que os poemas homéricos, afinal, não podem ter tido apenas um autor. De resto, de Homero nada se sabe: talvez tenha nascido em Quios, ou em Cólofon, ou ainda em Esmirna. Até a etimologia do nome, provavelmente não grega, é incerta: derivará de ho mè horôn, isto é, «o que não vê» (a lenda descreve-o efectivamente como um aedo cego), ou significará «refém», ou «recolector»?
Este texto foi-me sugerido por Amélia Pais, que me chamou a atenção para o facto de José Bandeira ter afirmado ter visto na televisão «Héliada» em vez de «Ilíada». Para troçar, José Bandeira escreve por baixo: «(esse best-seller de Hemero)

* A Questão Homérica, de resto, tem raízes na época alexandrina. Só em finais do século XVIII Wolf fundamentou de forma científica estas dúvidas.

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