26.3.06

Léxico: alface-de-cordeiro



Imagem: http://www.directoalpaladar.com

Questões canónicas

Numa das últimas edições, a revista Grazia (n.º 9, 16 a 22 de Março de 2006, p. 89) propunha uma «salada de canónigos e ovos de codorniz». No Mercado de Benfica, perguntei, como quem não quer a coisa, à D. Adosinda que «raio é isso de canónigos». Não tive, porém, a satisfação de lhe dizer, no fim: «Obrigado por estar desprevenida.» «Ai filho, essas estrangeirices não aparecem por cá.» Vejam: «essas estrangeirices». Só o jornalista da Grazia (que nome!), menos xenófobo mas mais ignorante, é que não percebeu que a Valerianella locusta devia ter um nome comum português. E, de facto, alface-de-cordeiros ou alface-do-campo são designações correntes.
Já sei: Maria de Lurdes Modesto, na sua excelente crónica gastronómica no Diário de Notícias, escreveu «erva-dos-canónigos». Deve reportar-se ao conhecimento que tem do rótulo, já que acrescenta: «É frágil e actualmente vê-se durante todo o ano no mercado, lavada e pronta a usar, em embalagens de 400 g.» Por outro lado, não é por eu perceber de gastronomia que Maria de Lurdes Modesto percebe necessariamente de questões linguísticas. Digo eu.