Aparências
É preocupante a frequência com que vejo, ultimamente, escrita a palavra «triologia». Se não existisse o termo «trilogia», que é o correcto, o único que existe, podíamos estar perante uma criação que iria vingar. Como, de resto, vingaram outros exemplos de falsa etimologia, tais como «triálogo» e «monoquíni». Julgando ver no elemento «dia» uma referência a dois (quando, de facto, significa entre, como em diarreia), os falantes criaram um desnecessário «triálogo» — uma conversa entre três pessoas. Ora, a verdade é que um diálogo tanto pode ser entre duas, três ou cem pessoas. Com «monoquíni» sucedeu o mesmo: os falantes acreditaram que «bi» era o elemento que designa «dois», como em bilingue, mas não é assim. Os caminhos da ignorância são insondáveis. E, às vezes, desembocam em interessantes criações, pois claro.
Blogue sobre a língua portuguesa, com ocasionais reflexões e incursões noutras áreas, porque afinal a língua cobre toda a realidade. Com marcado sentido pedagógico, sem abdicar do necessário humor.
8.4.06
Ortografia: trilogia
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