21.5.06

Ortografia: «militar-industrial»

Da boca para o papel


      Não é a primeira vez que vejo este erro na imprensa, mas eis que surgiu a oportunidade de falar sobre ele. «Num livro publicado em 2002, o jornalista francês Thierry Meyssan garante que o ataque ao Pentágono não passou de uma encenação elaborada por um grupo militaro-industrial próximo do Presidente Bush», «EUA divulgam vídeo do 11-S», 17.05.2006, p. 48.
      «Militaro-industrial»? De onde vem aquele «o»? Sim, porque «militaro» não é um elemento de formação de palavras que exprima a ideia de militar ou referente à vida militar, como acontece com outros: euro, luso, etc. Também não é — ainda é menos, ia escrever — um adjectivo reduzido, como em corto-perfurante («Empunhando um objecto corto-perfurante, presumivelmente uma faca ou navalha, que trazia consigo, o arguido desferiu com o mesmo golpes em B., atingindo-o do modo descrito nos autos.»), luso-descendente, herói-cómico, afro-americano, israelo-palestiniano, entre muitos outros primeiros elementos de adjectivos compostos. Parece, na verdade, ter origem na oralidade, como vogal de ligação. Na escrita, é completamente espúrio. De qualquer modo, vou voltar a este assunto, que me parece suficientemente importante para pensar melhor nele.

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