17.6.06

Léxico de época

Estas palavras que nos couberam…

Na recensão crítica do romance Camilo Broca, de Mário Cláudio, escreve Eduardo Pitta: «Do mesmo passo, certo pendor [de Mário Cláudio] para o léxico “de época” (quantas vezes actual, simplesmente omisso do português corrente pela cada vez maior rarefacção da fala e da literatura) empresta adequada tonalidade à intriga» (Mil Folhas/Público, 10.06.2006, p. 5). O melhor de tudo — e apenas surpreendente na medida em que os críticos nos habituaram a esperar outra coisa — é que o léxico do próprio crítico é rico, multiforme, adequado ao que pretende descrever, e a própria escrita é clara. Mesmo quando tem de usar um termo técnico, Eduardo Pitta é pedagógico: «[…] controlo da narrativa autodiegética, aquela em que o narrador se coloca num tempo ulterior ao da história que conta […]». Alguns exemplos de vocábulos e locuções usados pelo crítico, que também é escritor e co-autor de um blogue: inconcluso, «defensores estrénuos», querela, «autor consumado», avoengos, «de viés», interstícios, estúrdia, corrécio, truculência, lampejo, etc. Palavras, algumas, que já estamos desacostumados de ler na nossa imprensa. Um exemplo a seguir pelos críticos.

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