22.8.06

De compostas a simples

Sempre a aprender

Pelo grande interesse de que se reveste, transcrevo o que escreve Ismael de Lima Coutinho na obra Pontos de Gramática Histórica (6.ª edição, 1969, Livraria Acadêmica, Rio de Janeiro, que agradeço a JRC) sobre as palavras que apresentam em português forma simples, quando na língua originária eram compostas.
«1) árabes: benjoim (luban-Jawi, incenso de Java), salamaleque (salam-alaik, a paz esteja contigo), oxalá (in-sha-Allah, se Deus quiser);
2) hebraicos: aleluia (hallelu-Iah, louvai a Deus), hosana (hoshi-anna, salvai, eu vos peço), Israel (shara-Al, príncipe de Deus);
3) persas: julepo (gul-ab, água de rosas), azarcão (azar+gun, cor de fogo), caravançará (karwân-serai, casa das caravanas);
4) turco: janízaro (jenit-cheri, nova milícia);
5) germânicos: marechal (marah-scalc, servo do cavalo), lansquenete (lands-knecht, servidor do país), potassa (pot-ashe, cinza de panela);
6) franceses: oboé (haut-bois, alta madeira), vendaval (vent-d’aval, vento de baixo), gendarmes (gens-d’armes, homens de armas), ferrabrás (Fier-à-bras, nome de um bandido sarraceno, lembrado pelas gestas francesas);
7) ingleses: redingote (riding-coat, casaco de montar a cavalo), macadame (Mac-Adam, nome próprio do engenheiro escocês que inventou esse processo de calçamento), contradança (country-dance, dança do país);
8) italianos: anspeçada (lancia-spezzata, lança quebrada), tramontana (tra-montana, além da montanha), pedestal (piede-stallo, assento do pé);
9) americanos, sobretudo da língua tupi-guarani: caroba (caar-oba, mato amargo), capivara (caapi-uara, comedor de capim), carioca (cari-oca, casa do branco), igara (ig-iara, dona d’água), socó (çoó-có, bicho que se arrima), Paquequer (pac-ker, dormida das pacas), Paraguai (paraguá-i, rio dos papagaios), Paraná (pará-nã, semelhante ao mar), Paraíba (pará-aib, rio impraticável), Pirai (pirá-i, rio do peixe), icarai (i-caraí, rio santo ou água santa).»

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