19.8.06

Moinhos de maré: léxico

Moinho da Asneira, rio Mira (Imagem: http://abae.pt/)

Mira!

Chegou-me às mãos, oferecida pela Câmara Municipal de Odemira, a obra Rio Mira, Moinhos de Maré, da autoria de António Martins Quaresma (1.ª edição, Suledita, Aljezur, 2000). Trata-se de um estudo de história local, de onde extraio a seguinte passagem: «Os moinhos de maré constituem uma categoria particular dos moinhos hidráulicos. Eles utilizam o efeito das marés, mais concretamente a diferença de nível entre o preia-mar e o baixa-mar, para colocar em funcionamento o aparelho de moagem. Localizam-se, por isso, próximo da costa, onde as marés se fazem sentir, geralmente em estuários com margens alagadiças e esteiros. A água, na enchente, é retida numa grande represa — a caldeira —, podendo ser utilizada para moer no refluxo da maré logo que, no exterior, a roda motriz fica desbloqueada. Esta está colocada horizontalmente no interior de uma câmara, onde se move por acção de um jacto de água lançado sobre o penado (conjunto de pás ou penas da roda), a modo de uma turbina primitiva. O movimento obtido é transmitido directamente à mó andadeira, que gira à mesma velocidade.
A roda horizontal — rodízio — é a roda motriz aplicada na generalidade dos moinhos portugueses. Uma variante — o rodete —, em que a roda gira no interior de um poço, teve difusão recente e restrita. Uma excepção à utilização da roda horizontal surge exactamente no rio Mira. Ao contrário, nas costas do Norte da Europa (França, Grã-Bretanha) difundiu-se a roda vertical, cujo movimento é transmitido à mó através de uma engrenagem, constituída por uma grande roda dentada — a entrosga — e um carreto, o que permite a multiplicação da potência» (pp. 9-10).

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