Ladrilhos e dicionários
Ao passar por uma confeitaria na Baixa (às vezes saio de casa…), vi na montra uma pirâmide de ladrilhos de marmelada. Não será, convenho, uma expressão muito comum, mas que é bonita, sugestiva, isso parece-me inequívoco. E ao pensar nisto, lembrei-me da palavra brick-tea e do Dr. William Chester Minor. Sabem quem é? Foi um dos mais prolíficos colaboradores do Oxford English Dictionary, com cerca de 10 mil fichas de abonações. Semanalmente, da sua cela do Hospital Prisional Psiquiátrico de Broadmoor, Berkshire, onde estava rodeado de livros antigos, enviava os seus verbetes manuscritos para o Scriptorium, em Oxford, a sede da equipa do OED, liderada pelo Dr. James Murray. Uma história admirável que, um pouco romanceada, se pode ler na obra O Professor e o Louco, de Simon Winchester, traduzida por Eugénia Antunes e publicada pelo Círculo de Leitores e pela Temas e Debates, em 2001. Capitão-médico do Exército dos Estados Unidos da América, Minor nascera em 1834 na ilha de Ceilão, o que de alguma maneira explica o fascínio que sentia pelas palavras anglo-indianas — como brick-tea: «folhas de chá prensadas em forma de pequenos tijolos ou ladrilhos, outrora usados pelos Chineses como moeda em trocas comerciais» (p. 162 da obra citada). Como diria Camilo, esta é uma obra que não merece perder-se no mar morto das bibliotecas inúteis.
Ao passar por uma confeitaria na Baixa (às vezes saio de casa…), vi na montra uma pirâmide de ladrilhos de marmelada. Não será, convenho, uma expressão muito comum, mas que é bonita, sugestiva, isso parece-me inequívoco. E ao pensar nisto, lembrei-me da palavra brick-tea e do Dr. William Chester Minor. Sabem quem é? Foi um dos mais prolíficos colaboradores do Oxford English Dictionary, com cerca de 10 mil fichas de abonações. Semanalmente, da sua cela do Hospital Prisional Psiquiátrico de Broadmoor, Berkshire, onde estava rodeado de livros antigos, enviava os seus verbetes manuscritos para o Scriptorium, em Oxford, a sede da equipa do OED, liderada pelo Dr. James Murray. Uma história admirável que, um pouco romanceada, se pode ler na obra O Professor e o Louco, de Simon Winchester, traduzida por Eugénia Antunes e publicada pelo Círculo de Leitores e pela Temas e Debates, em 2001. Capitão-médico do Exército dos Estados Unidos da América, Minor nascera em 1834 na ilha de Ceilão, o que de alguma maneira explica o fascínio que sentia pelas palavras anglo-indianas — como brick-tea: «folhas de chá prensadas em forma de pequenos tijolos ou ladrilhos, outrora usados pelos Chineses como moeda em trocas comerciais» (p. 162 da obra citada). Como diria Camilo, esta é uma obra que não merece perder-se no mar morto das bibliotecas inúteis.