20.2.07

A propósito de «marginal»

Marginais e meliantes


      Deixem-me dizê-lo uma vez: o Dicionário da Academia também tem coisas boas. Uma delas é registar o substantivo «marginal» no sentido de estrada ou avenida ao longo de um curso de água ou do mar. Sempre me deixou perplexo que os dicionários a não registassem. Nem o Houaiss! Ora, tanto quanto sei, tal não implica que os tradutores não a usem e, mais ainda, não saibam traduzir os equivalentes noutras línguas. Dois exemplos. Duas personagens vão de automóvel. A determinada altura, lê-se no texto: «Nous prenons la route de la corniche.» Isto é canja para o tradutor: «Tomamos a estrada da cornija.» C’ést navrant. Noutra obra: «Following the coastal highway, he drove past the bridge road until he came to a white, expansive beach that was popular with windsurfers.» O tradutor, que também pensou «it’s easy as pie», verteu: «Seguindo a auto-estrada costeira, passou a estrada da ponte até chegar a uma extensa praia de areias brancas que era popular entre os surfistas.» Marginal soa-lhes a topónimo, tão topónimo como Estrada de A-da-Maia ou Estrada do Poço do Chão.

1 comentário:

Anónimo disse...

Também já tinha reparado nessa omissão. Alguma virtude havia de ter o famigerado dicionário, que preenche as expectativas de um bom dicionário comum, mas não de um «dicionário da academia». Mas ninguém consegue ser mau em tudo.
- Montexto.