Não é bem assim...
«Então porque é que os patinhos amarelos surgem na capa de uma das mais prestigiadas revistas americanas, a “Harper’s” (Janeiro)? A resposta vem em 22 páginas de texto da autoria de Donovan Hohn. E que texto, meu Deus! Uma extraordinária reportagem de investigação sobre uma odisseia marítima que serve também de trave mestra de um poderoso ensaio a um tempo filosófico e ecológico. E, ainda, um estupendo elogio à arte da gandaia (vasculhar as praias à procura de objectos lançados pelo mar) («20 mil patinhos à deriva», Miguel Calado Lopes, Expresso/Única, 20.1.2007, p. 92). Dito assim, até parece que esta é a definição de gandaia: vasculhar as praias à procura de objectos lançados pelo mar. Mas não é, e qualquer dicionário o confirma. A gandaia é a procura no lixo de coisas que tenham algum valor — na praia ou nutro sítio qualquer. Também significa, e o étimo espanhol, gandaya, é esta ideia que exprime, andar daqui para ali, sem ocupação. Daí, em português, as acepções de ociosidade, vadiagem, mandriice. Aqui em Benfica — um pouco longe da praia, convenhamos — há um gandaeiro que aparece assiduamente à boca da noite. Empurra um carrinho de mão também ele construído de despojos e, previdente, vem munido de uma lanterna para esquadrinhar o lixo que encontra junto dos ecopontos.
4 comentários:
Também existe a palavra respigar, que segundo me parece,se refere a quem apanha restos deixados pelos outros, ou seja, aquilo que já não serve para nada.
Em “nomínimoA palavra é...” de Sérgio Rodrigues, de 16/02/2007, no site
http://nominimo.ig.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=65&date=currentDate&contentType=html
a palavra escolhida foi “Gandaia”.
Respondi com informações contidas no seu site,”Semântica: gandaia”, de 02/02/2007
Caro Roberto
Muito obrigado por visitar e usar a informação do meu blogue.
Um abraço,
Helder Guégués
No Casal Ventoso, antes da era do narcotráfico, a Gandaia era uma das principais ocupações dos seus moradores. Existiam armazéns na Maria Pia que aceitavam determinados lixos, seleccionados nesta prática de recolha.
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