E perde si libru na skola.
Um estudante de Cabo Verde, Luís Cândido Conceição, que afirmava consultar frequentemente o site do Ciberdúvidas e ser a primeira vez que fazia uma pergunta, quis saber o significado do verbo «goitar», que encontrou na MorDebe. O consultor, Carlos Rocha, respondeu: «Não compreendo por que razão regista a Mordebe o verbo “goitar”, que não encontro atestado em nenhum dicionário. Esta forma existe, sim, em catalão, mas como variante de aguaitar, que significa “vigiar”.» Bem, eu também não sei porque é que a MorDebe incluiu esta palavra e não outras — mas percebo porque incluiu esta. (Leia outra vez a frase, para lhe apanhar o sentido.) Ela existe! No Brasil, os tropeiros, que é o nome dado aos condutores de tropas, na acepção de bois, cavalos e mulas, entre outros animais, tinham um léxico próprio. Um dos vocábulos desse léxico é o verbo «goitar»: lutar entre amigos, empurrar e segurar na brincadeira. Ninguém deve ignorar a importância dos tropeiros na cultura brasileira, que felizmente têm um museu, o Museu do Tropeiro, em Itabira, Minas Gerais. Aliás, o universo de falantes faz-me lembrar o do calão minderico (a piação dos charales do Ninhou), que começou por ser usado no início do século XVIII por cardadores e negociantes de lã naturais de Minde.
Um estudante de Cabo Verde, Luís Cândido Conceição, que afirmava consultar frequentemente o site do Ciberdúvidas e ser a primeira vez que fazia uma pergunta, quis saber o significado do verbo «goitar», que encontrou na MorDebe. O consultor, Carlos Rocha, respondeu: «Não compreendo por que razão regista a Mordebe o verbo “goitar”, que não encontro atestado em nenhum dicionário. Esta forma existe, sim, em catalão, mas como variante de aguaitar, que significa “vigiar”.» Bem, eu também não sei porque é que a MorDebe incluiu esta palavra e não outras — mas percebo porque incluiu esta. (Leia outra vez a frase, para lhe apanhar o sentido.) Ela existe! No Brasil, os tropeiros, que é o nome dado aos condutores de tropas, na acepção de bois, cavalos e mulas, entre outros animais, tinham um léxico próprio. Um dos vocábulos desse léxico é o verbo «goitar»: lutar entre amigos, empurrar e segurar na brincadeira. Ninguém deve ignorar a importância dos tropeiros na cultura brasileira, que felizmente têm um museu, o Museu do Tropeiro, em Itabira, Minas Gerais. Aliás, o universo de falantes faz-me lembrar o do calão minderico (a piação dos charales do Ninhou), que começou por ser usado no início do século XVIII por cardadores e negociantes de lã naturais de Minde.
2 comentários:
"Bem, eu também não sei porque é que a MorDebe incluiu esta palavra e não outras — mas percebo porque incluiu esta".
Vejo que segue a "regra" muito em voga na actualidade, e defendida pelo Ciberdúvidas, quanto ao uso do "porque" e do "por que".
Só que esta regra contraria aquilo que é dito, por exemplo, na "Nova Gramática do Português Contemporâneo", de Celso Cunha e Lindley Cintra, uma das gramáticas mais reputadas da língua portuguesa e, por sinal, uma das que o Ciberdúvidas mais refere e aconselha; na página 539, são dados dois exemplos que transcrevo a seguir:
"Advérbios interrogativos de causa: por que?
Por que não vieste à festa?
Não sei por que não vieste à festa."
Existe alguma disposição legal (ou Acordo Ortográfico) que nos permita decidir quanto a este polémico assunto?
Já escrevi sobre essa questão noutro lugar. A «Nova Gramática do Português Contemporâneo» é reputada, é verdade, mas não é a Bíblia. Tem falhas e opções incorrectas — e esta sobre o advérbio interrogativo de causa é a mais evidente. Não se esqueça então de dois aspectos: esta obra não tem valor normativo e Celso Cunha era brasileiro, tendo feito valer, naturalmente, os seus pontos de vista na obra.
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