5.4.07

Etimologias

Divagações

Já viram como os ingleses amantes da jardinagem, isto é, todos eles, produzem morangos nos seus jardins e hortas? Numa cama de palha, sobre a terra, com uma cobertura de tela esticada por quatro estacas. E daí serem chamados strawberries. Mas claro, os strawberries eram espontâneos por toda a Europa. Fico por aqui, não falarei de barberries, blackberries, blueberries, boysenberries, cloudberries, cranberries, gooseberries, huckleberries, lingonberries, raspberries… Se eu agora passar directamente para a abanação, ninguém estranhará, porque estaríamos no âmbito, por exemplo, do cultivo do café, já que a abanação é uma das fases e tem a finalidade, como o nome sugere, de retirar folhas, gravetos e outros objectos da planta. Na verdade, quero falar de outra abanação e demonstrar como a etimologia «intuitiva» pode descambar em grandes disparates. Exemplifico com o vocábulo abanação (vêem agora a ligação?) na acepção de pena de desterro por um ou dois anos imposta aos assassinos. Podia pensar-se que seria um castigo como o cifonismo, o crucifrágio, o esquartejamento, a estrapada, a rafanidose. Na abanação, o condenado levaria uns valentes abanões até jurar que se portaria bem no futuro. Explico apenas o que era a rafanidose: entre os Atenienses, era um dos castigos aplicados aos adúlteros e consistia em enfiar (digo bem?) um rábano de proporções castigadoras (ah, pois, nada de meiguices) no ânus do prevaricador.

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