Está mal
É sabido: suplementos económicos dos jornais e jornais económicos só se podem ler com um dicionário de inglês ao lado. Estrangeirismos todos nós usamos, contudo, o que está em causa é se, sendo pouco comuns, os explicamos quando os usamos. «Nos negócios há empresários e raiders. Os primeiros constroem e alimentam empresas, criam riqueza e empregos. Têm em mente a criação de valor. Os segundos vivem da especulação. Não têm empresas, mas negócios. Compram e vendem a um ritmo marcado pelas cotações da bolsa. Estão focados na obtenção de mais-valias. Esta é a lição que aprendemos ontem, com a assembleia geral do BCP» («Raiders e empresários», Álvaro de Mendonça, OJE (O Jornal Económico), 29.05.2007, p. 2). Lá temos de recorrer ao dicionário de inglês: «Raider: An investor who aims to take control of a company by purchasing a majority stake in the firm.» No site do Banif, encontramos o vocábulo num glossário: «Raider: Pessoa individual ou colectiva que pretende assegurar o controlo da gestão de uma empresa através da compra de uma participação qualificada para o efeito.» Claro que também está em causa outro aspecto: a moderna e ominosa tendência laxista para não grafar os estrangeirismos em itálico.
Está bem
No mesmo jornal, também encontramos exemplos louváveis: o jornalista usa um estrangeirismo, mas explica-o. Devia ser esta a prática habitual dos jornalistas, não deixar o trabalho para o leitor. Sim, porque não vamos agora supor que todos os leitores deste jornal em concreto dominam todas as áreas do conhecimento, com o respectivo vocabulário. Nem todos os leitores, suponho, serão engenheiros. Este último exemplar trouxe-o do British Hospital. Não estou a ver a enfermeira Andrea, por exemplo, a saber que raio é isto do jet grouting. «A OPCA está a realizar uma importante obra de geotecnia no túnel do Terreiro do Paço, em Lisboa. Os trabalhos incluem a execução de 188 colunas de jet grouting que visa reforçar e consolidar os terrenos envolventes. O projecto é do professor António Correia Mineiro.» Mais à frente, o jornalista redime-se: «A técnica consiste na utilização, em profundidade, de um ou vários jactos horizontais de elevada velocidade e pressão que desagregam o terreno e permitem a penetração e a mistura de uma calda de cimento. Desta forma evita-se a remoção de grandes volumes de terras, permitindo realizar a injecção da calda de cimento, precisamente, nos pontos ou nas profundidades onde o terreno se revela menos consistente» («Geotecnia da OPCA para a Praça do comércio», OJE, 30.05.2007, p. VI).
É sabido: suplementos económicos dos jornais e jornais económicos só se podem ler com um dicionário de inglês ao lado. Estrangeirismos todos nós usamos, contudo, o que está em causa é se, sendo pouco comuns, os explicamos quando os usamos. «Nos negócios há empresários e raiders. Os primeiros constroem e alimentam empresas, criam riqueza e empregos. Têm em mente a criação de valor. Os segundos vivem da especulação. Não têm empresas, mas negócios. Compram e vendem a um ritmo marcado pelas cotações da bolsa. Estão focados na obtenção de mais-valias. Esta é a lição que aprendemos ontem, com a assembleia geral do BCP» («Raiders e empresários», Álvaro de Mendonça, OJE (O Jornal Económico), 29.05.2007, p. 2). Lá temos de recorrer ao dicionário de inglês: «Raider: An investor who aims to take control of a company by purchasing a majority stake in the firm.» No site do Banif, encontramos o vocábulo num glossário: «Raider: Pessoa individual ou colectiva que pretende assegurar o controlo da gestão de uma empresa através da compra de uma participação qualificada para o efeito.» Claro que também está em causa outro aspecto: a moderna e ominosa tendência laxista para não grafar os estrangeirismos em itálico.
Está bem
No mesmo jornal, também encontramos exemplos louváveis: o jornalista usa um estrangeirismo, mas explica-o. Devia ser esta a prática habitual dos jornalistas, não deixar o trabalho para o leitor. Sim, porque não vamos agora supor que todos os leitores deste jornal em concreto dominam todas as áreas do conhecimento, com o respectivo vocabulário. Nem todos os leitores, suponho, serão engenheiros. Este último exemplar trouxe-o do British Hospital. Não estou a ver a enfermeira Andrea, por exemplo, a saber que raio é isto do jet grouting. «A OPCA está a realizar uma importante obra de geotecnia no túnel do Terreiro do Paço, em Lisboa. Os trabalhos incluem a execução de 188 colunas de jet grouting que visa reforçar e consolidar os terrenos envolventes. O projecto é do professor António Correia Mineiro.» Mais à frente, o jornalista redime-se: «A técnica consiste na utilização, em profundidade, de um ou vários jactos horizontais de elevada velocidade e pressão que desagregam o terreno e permitem a penetração e a mistura de uma calda de cimento. Desta forma evita-se a remoção de grandes volumes de terras, permitindo realizar a injecção da calda de cimento, precisamente, nos pontos ou nas profundidades onde o terreno se revela menos consistente» («Geotecnia da OPCA para a Praça do comércio», OJE, 30.05.2007, p. VI).
2 comentários:
É preciso entender que para além dos negócios serem hoje globalizados (e a língua global ser o inglês), muitos termos não tem tradução literal.
Fará sentido, por exemplo, traduzir marketing? Ou franchising? Ou private equity?
É que raider não tem, em economês, o mesmo sentido de investidor, que lhe é atribuído pelos dicionários referidos.
Por norma, o livro de estilo do OJE obriga-nos a explicar termos de línguas estrangeiras e siglas. Mas numa nota editorial curta, o espaço nao abunda.
Em qualquer caso, obrigado pelo reparo.
Álvaro de Mendonça
A palavra "económico" escrita no seu blogger, não se escreve da mesma forma na Língua Portuguesa falada no Brasil. Aqui escreve-se "econômico", com acento circunflexo.
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