Mulheres crinoladas
Caro Luísa Costa, a peça de vestuário que antigamente se usava para dar volume ao traje feminino designava-se merinaque, termo que vem do espanhol meriñaque ou miriñaque. Que o Diccionario de la Real Academia define assim: «Zagalejo interior de tela rígida o muy almidonada y a veces con aros, que usaron las mujeres.» O vocábulo teve uso corrente em Portugal. Veja-se este trecho do romance A Queda dum Anjo, publicado em 1866, de Camilo Castelo Branco: «Graças ás modistas de Penafiel, e, mais ainda, ás meninas da estalagem, D. Theodora Figueirôa affeiçoou-se ao merinaque, e ao feitio e estofo do vestido e paletó. O primo Lopo dizia-lhe, algumas vezes, que ella, em companhia de Calisto, era um diamante bruto; e se n’isto havia encarecimento, até certo ponto o bacharel maravilhava-se do influxo que o trajar exercitava nas fórmas de sua prima. A cintura adelgaçou-se; apequenou-se-lhe o pé; alargaram-se-lhe os encontros; amaciou-se-lhe a cutis; branquearam-se-lhe os braços; escampou-se-lhe a fronte com o riçado dos cabellos; toda ella adquiriu no andar certo requebro e donaire que lhe ia tão ao natural como se tivesse sido educada por salas e adextrada em flexuras da dança! A mulher, com effeito, é um mysterio!» (pp. 261-62 da edição original)
Há, na língua portuguesa, outro termo para designar o mesmo: crinolina: saia entufada revestida de tecido forte ou assente sobre círculos paralelos de aço ou de barbas de baleia para dar maior roda ao vestido. «Mulher crinolinada» era a que usava saia retesada por crinolina.
Caro Luísa Costa, a peça de vestuário que antigamente se usava para dar volume ao traje feminino designava-se merinaque, termo que vem do espanhol meriñaque ou miriñaque. Que o Diccionario de la Real Academia define assim: «Zagalejo interior de tela rígida o muy almidonada y a veces con aros, que usaron las mujeres.» O vocábulo teve uso corrente em Portugal. Veja-se este trecho do romance A Queda dum Anjo, publicado em 1866, de Camilo Castelo Branco: «Graças ás modistas de Penafiel, e, mais ainda, ás meninas da estalagem, D. Theodora Figueirôa affeiçoou-se ao merinaque, e ao feitio e estofo do vestido e paletó. O primo Lopo dizia-lhe, algumas vezes, que ella, em companhia de Calisto, era um diamante bruto; e se n’isto havia encarecimento, até certo ponto o bacharel maravilhava-se do influxo que o trajar exercitava nas fórmas de sua prima. A cintura adelgaçou-se; apequenou-se-lhe o pé; alargaram-se-lhe os encontros; amaciou-se-lhe a cutis; branquearam-se-lhe os braços; escampou-se-lhe a fronte com o riçado dos cabellos; toda ella adquiriu no andar certo requebro e donaire que lhe ia tão ao natural como se tivesse sido educada por salas e adextrada em flexuras da dança! A mulher, com effeito, é um mysterio!» (pp. 261-62 da edição original)
Há, na língua portuguesa, outro termo para designar o mesmo: crinolina: saia entufada revestida de tecido forte ou assente sobre círculos paralelos de aço ou de barbas de baleia para dar maior roda ao vestido. «Mulher crinolinada» era a que usava saia retesada por crinolina.
Sem comentários:
Enviar um comentário