10.6.07

Selecção vocabular

Ao lado

Tiro um jornal da pilha que tenho ao meu lado. Sai um Diário de Notícias. Vejamos a selecção vocabular em duas notícias. Uma delas dizia: «Coincidência. Pedra extraterrestre da ficção tem sósia numa mina da Sérvia» («Novo mineral tem a mesma composição da criptonite, Filomena Naves, 25.4.2007, p. 14). «Sósia»? Quando hoje em dia se abusa das aspas, aqui, que deviam ser usadas — na falta de um termo adequado, por não ocorrer à jornalista —, não o foram. Entre infinitas, duas soluções: «Pedra extraterrestre da ficção tem cópia perfeita numa mina da Sérvia.» «Pedra extraterrestre da ficção materializa-se numa mina da Sérvia.» A pressa com que os jornalistas escrevem não explica tudo. Na maioria das vezes, fazer bem ou fazer mal demora o mesmo tempo.
Outra notícia no mesmo jornal: «Todos os dias, a sua mãe, Ursula, espera-a [sic] no topo com um carro velho e lamacento que nem sequer tem placa de matrícula» («Túnel traz modernidade a vale isolado dos Alpes», Helena Tecedeiro, 25.04.2007, p. 30). Bem podemos pesquisar em qualquer corpus do português, o adjectivo somente qualifica termos como «terreno», «chão», «piso», «pavimento», «campo», «rio». Um objecto, umas botas, um automóvel, um jornal que caiu ao chão estarão enlameados.

2 comentários:

Helena Velho disse...

Se a senhora tivesse escrito as palavras que propõe,e muito bem(embora peça desculpa pela assertividade do muito bem partindo de uma ignorante), certamente não se sentiria tão feliz consigo mesma.
E, muitas vezes, não vale a pena corrigir quem se julga sábio e pensa que é feliz, concorda??

Helder Guégués disse...

Sem dúvida, e eu não quero fazer ninguém infeliz, pelo contrário.