19.7.07

Sinédoque

Figuras: de estilo e outras

«“O Terreiro do Paço [Governo] não tem noção do valor que a cortiça já tem hoje em dia e do que poderá vir a ter”, acusa» («Confraria quer mais sobreiros», Diário de Notícias, 30.04.2007, p. 35). A tal ponto chegou — ou o jornalista julga ter chegado — a cultura que é necessário explicar o que significa, no contexto, «Terreiro do Paço», não vá a sinédoque perder-se irremissivelmente. Isto faz-me lembrar aquela senhora de que fala Pedro da Fonseca, que, viajando, logo após o 25 de Abril, num autocarro da Carris, vai ufana com o seu passe social na mão. A certa altura, aparece um revisor, que lhe pergunta para onde vai. «Para o Têrreiro do Passe!» E ontem, na Antena 1, 13.04: «Em Lisboa, a Avenida Infante Dom Henrique, sentido Praça do Comércio-Santa Apolónia, em frente ao parque da Marinha, na zona do Torreiro do Paço, houve um despiste de um veículo.» Lapsus linguae ou lapsus calami? Cálamo. Cala-m’o bico. Será lapsus digiti.

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