11.8.07

Etimologia: «pelouro»

À lei da bala



      «Pelouro» é, convenhamos, uma boa palavra, de sabor antigo. Inicialmente, um pelouro era apenas uma bala de pedra ou de metal usada nas antigas peças de artilharia. Nem mais. Leia-se Camões n’Os Lusíadas: «Com toda hũa coxa fora, que em pedaços/Lhe leva um cego tiro que passara,/Se serve inda dos animosos braços/E do grão coração que lhe ficara;/Até que outro pelouro quebra os laços/Com que co alma o corpo se liara:/Ela, solta, voou da prisão fora/Onde súbito se acha vencedora.» Estes eram pelouros que os vereadores desdenhariam, ou, quando muito, apenas apreciariam como pesa-papéis, nunca como meio de verearem fosse onde fosse. Como é que então de uma bala de pedra ou de metal se passou para a designação dos sectores da administração de um concelho ou freguesia? Pois muito simplesmente porque os pelouros também eram bolas de cera ocas em que se introduziam os votos para a eleição do juiz ordinário e vereadores da governação local. Estes pelouros eram depois guardados na arca dos pelouros.

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