Prover ou prever?
Pergunta-me o leitor J. J. L.: «Gostava de lhe perguntar a sua opinião sobre a tradução de “Welfare State” — que vi ainda agora vertido como “Estado de bem-estar” no Público e que insisto em mudar para “Estado-previdência” (e não “providência”, como se diz e tanto escreve, o que poderia motivar um interessante debate sobre as duas concepções: tem o Estado de prevenir apenas ou de garantir sempre?).»
Em termos comparados, devo começar por dizer que em espanhol se diz «Estado de bienestar» ao que tão incertamente entre nós se diz ora «Estado-previdência» ora «Estado-providência» (e, para complicar ainda mais, alguns preferem dizer «Estado social»). A definição do Diccionario de la Real Academia é a seguinte: «Sistema social de organización en el que se procura compensar las deficiencias e injusticias de la economía de mercado con redistribuciones de renta y prestaciones sociales otorgadas a los menos favorecidos.» Atendendo ao fim deste tipo de organização política, dizê-la de «bem-estar» parece-me correcto. E «providência» ou «previdência»? Se «providência» (do latim providentia,ae) é a disposição antecipada ou prevenção que almeja ou conduz ao conseguimento de um fim e «previdência» (do latim praevidentia, «ver com antecipação, prever») a capacidade de prever ou adivinhar alguma coisa, parece que deva ser — e sempre assim escrevi — «Estado-providência». Mais uma vez em termos comparados, em francês diz-se «État-providence» e «État de bien-être». O Dicionário Houaiss regista «Estado-Providência»; o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, numa daquelas abonações inanes que oxalá não façam escola, cita precisamente o Público: «estado-providência». O mundo é pequeno. E perigoso.
Vasco Pulido Valente, sabe isso melhor do que eu, escreve «Estado-Previdência». Tem assim, caro J. J. L., muito por onde acertar ou errar.
Pergunta-me o leitor J. J. L.: «Gostava de lhe perguntar a sua opinião sobre a tradução de “Welfare State” — que vi ainda agora vertido como “Estado de bem-estar” no Público e que insisto em mudar para “Estado-previdência” (e não “providência”, como se diz e tanto escreve, o que poderia motivar um interessante debate sobre as duas concepções: tem o Estado de prevenir apenas ou de garantir sempre?).»
Em termos comparados, devo começar por dizer que em espanhol se diz «Estado de bienestar» ao que tão incertamente entre nós se diz ora «Estado-previdência» ora «Estado-providência» (e, para complicar ainda mais, alguns preferem dizer «Estado social»). A definição do Diccionario de la Real Academia é a seguinte: «Sistema social de organización en el que se procura compensar las deficiencias e injusticias de la economía de mercado con redistribuciones de renta y prestaciones sociales otorgadas a los menos favorecidos.» Atendendo ao fim deste tipo de organização política, dizê-la de «bem-estar» parece-me correcto. E «providência» ou «previdência»? Se «providência» (do latim providentia,ae) é a disposição antecipada ou prevenção que almeja ou conduz ao conseguimento de um fim e «previdência» (do latim praevidentia, «ver com antecipação, prever») a capacidade de prever ou adivinhar alguma coisa, parece que deva ser — e sempre assim escrevi — «Estado-providência». Mais uma vez em termos comparados, em francês diz-se «État-providence» e «État de bien-être». O Dicionário Houaiss regista «Estado-Providência»; o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, numa daquelas abonações inanes que oxalá não façam escola, cita precisamente o Público: «estado-providência». O mundo é pequeno. E perigoso.
Vasco Pulido Valente, sabe isso melhor do que eu, escreve «Estado-Previdência». Tem assim, caro J. J. L., muito por onde acertar ou errar.
1 comentário:
Muito obrigada pela sua providência ou seria previdência? De qualquer forma, obrigada!!!
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