Então?
Na semana passada, vi, no Jornal das 12, na RTPN, parte de uma reportagem sobre a agricultura em Moçambique. Entrevistaram pelo menos dois moçambicanos e um holandês, e todos falavam português. E bem, devo dizer. O som era perfeitamente audível, não havia ruído ambiente. Nem sequer o barrido de um elefante no horizonte auditivo. Nada. Pois ainda assim, e não é a primeira vez que assisto a tal, na RTPN acharam que as falas dos entrevistados precisavam do amparo salvífico das legendas, porque o telespectador, essa criatura ignorante e surda, não compreenderia. Não sei porquê. Nunca vi legendas quando quem fala é açoriano e tem um sotaque (as variações diatópicas de que falam Celso Cunha e Lindley Cintra, e, no caso, o dialecto micaelense) tão umbrosamente cerrado que eu — nada de melindres nem ressentimentos, meus irmãos — não percebo, com toda a boa vontade e ouvidos atentíssimos. Ia acabar com «se calhar, sou eu que não percebo nada», mas não o faço, não vá alguém concordar. Não é?
Na semana passada, vi, no Jornal das 12, na RTPN, parte de uma reportagem sobre a agricultura em Moçambique. Entrevistaram pelo menos dois moçambicanos e um holandês, e todos falavam português. E bem, devo dizer. O som era perfeitamente audível, não havia ruído ambiente. Nem sequer o barrido de um elefante no horizonte auditivo. Nada. Pois ainda assim, e não é a primeira vez que assisto a tal, na RTPN acharam que as falas dos entrevistados precisavam do amparo salvífico das legendas, porque o telespectador, essa criatura ignorante e surda, não compreenderia. Não sei porquê. Nunca vi legendas quando quem fala é açoriano e tem um sotaque (as variações diatópicas de que falam Celso Cunha e Lindley Cintra, e, no caso, o dialecto micaelense) tão umbrosamente cerrado que eu — nada de melindres nem ressentimentos, meus irmãos — não percebo, com toda a boa vontade e ouvidos atentíssimos. Ia acabar com «se calhar, sou eu que não percebo nada», mas não o faço, não vá alguém concordar. Não é?
8 comentários:
Não vindo falar do prodigioso elefante que nos apresenta, gostaria de saber a sua opinião acerca da possibilidade de tradução da expressão «maître de conférences». Ora, apesar de «professor e investigador» ser a opção que melhor se me afigura, continuo desagradado com a solução a que cheguei.
Será preferível manter a expressão no original, dada a sua especificidade?
Mas um «maître de conférences» não é um professor adjunto?
Segundo as pesquisas que fiz, o conceito abrange igualmente a função de investigador. Daí a dúvida.
Então não sei. Vou pensar.
Veja, por exemplo, isto:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Ma%C3%AEtre_de_conf%C3%A9rences_en_France
De qualquer maneira, um professor universitário tem de investigar. Por isso, professor adjunto traduz bem, parece-me.
Quanto à noção de que um professor universitário tem obrigatoriamente de investigar, não sei se será bem assim. Há professores universitários que se dedicam apenas ao ensino e outros que se dedicam ao ensino e à investigação.De qualquer forma, já encontrei em português o uso de "professor investigador", que penso traduzir mais fielmente a noção de "maître de conférences", a qual tem uma especificidade própria na hierarquia francesa. Neste sentido, buscava apenas uma fonte fidedigna que me afiançasse a solidez da solução e que afastasse as minhas dúvidas quanto às alternativas "professor e investigador" e "professor-investigador". De qualquer forma, muito obrigado pela sua atenção e continue o excelente o trabalho que tem desenvolvido com o seu interessante blogue!
Obrigado.
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