O mundo em mudança
«Mesmo que a noite já tenha caído há muito, o calor e a humidade tomam conta de Yangon, a maior cidade deste misterioso país que dá pelo nome de Myanmar. Duas palavras, aliás, que há alguns anos não fariam muito sentido, devido à decisão de alterar todos os nomes que “cheirassem” a colonialismo britânico. Yangon é a antiga Rangoon, Pagan é Bagan, Pegu é a actual Bago, o rio Irrawaddy é hoje chamado de Ayeyarwady e até o nome do próprio país foi substituído — Birmânia, em português, ou Burma, em inglês, transformou-se em Myanmar. E dei comigo em intrincados pensamentos antes de adormecer agarrado à almofada — se um natural da Birmânia é um birmanês, como se chamará um natural de Myanmar? Myanmarês? Myanmarense? Myanmano? Não dá jeito nenhum» («Navegar no rio dourado», Paulo Rolão, Global/Volta ao Mundo, 27.3.2008, p. 12). O jornalista podia ter usado um dicionário, ou não? Isso sim, dava jeito. O Dicionário Houaiss regista duas formas: mianmarense (a que prefiro) e mianmense. A forma mianmarês, a que chegamos por analogia, não é impensável, mas não está registada em nenhum dicionário nem — sobretudo — é usada. O jornalista, contudo, aflora uma questão importante: é necessário designarmos de outra forma um país que sempre conhecemos como Birmânia? É de admitir que durante algum tempo as duas designações sejam usadas quase na mesma medida, acabando por prevalecer a nova. Por muito que não gostemos.
«Mesmo que a noite já tenha caído há muito, o calor e a humidade tomam conta de Yangon, a maior cidade deste misterioso país que dá pelo nome de Myanmar. Duas palavras, aliás, que há alguns anos não fariam muito sentido, devido à decisão de alterar todos os nomes que “cheirassem” a colonialismo britânico. Yangon é a antiga Rangoon, Pagan é Bagan, Pegu é a actual Bago, o rio Irrawaddy é hoje chamado de Ayeyarwady e até o nome do próprio país foi substituído — Birmânia, em português, ou Burma, em inglês, transformou-se em Myanmar. E dei comigo em intrincados pensamentos antes de adormecer agarrado à almofada — se um natural da Birmânia é um birmanês, como se chamará um natural de Myanmar? Myanmarês? Myanmarense? Myanmano? Não dá jeito nenhum» («Navegar no rio dourado», Paulo Rolão, Global/Volta ao Mundo, 27.3.2008, p. 12). O jornalista podia ter usado um dicionário, ou não? Isso sim, dava jeito. O Dicionário Houaiss regista duas formas: mianmarense (a que prefiro) e mianmense. A forma mianmarês, a que chegamos por analogia, não é impensável, mas não está registada em nenhum dicionário nem — sobretudo — é usada. O jornalista, contudo, aflora uma questão importante: é necessário designarmos de outra forma um país que sempre conhecemos como Birmânia? É de admitir que durante algum tempo as duas designações sejam usadas quase na mesma medida, acabando por prevalecer a nova. Por muito que não gostemos.
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