30.4.08

Grafia dos nomes próprios

Ver em cada caso

Ao meu texto de ontem sobre o uso da barra deixou um leitor — Franco e Silva, que não conheço de mais lado nenhum que não dos comentários pertinentes e informados ao meu blogue e a outros — um comentário que interessa trazer para aqui. Escreve este leitor: «Se me é permitida a achega na correcção do texto transcrito, deveríamos ter MADAIL e não *“Madaíl”, não é verdade?» O texto é o que está mais abaixo, da autoria de João Villalobos: «[…] prometi ao Virgil Mihaiu do ICR grafar-lhe o nome como deve ser desta vez e troquei conversas com o casal de bloggers Eduardo Pitta/Jorge Neves, o Miguel Real, a Isabel Goulão, o Nuno Miguel Guedes, o Jorge Silva, os “nossos” Luís Naves e Fernando Madaíl, o Fernando Pinto do Amaral, o Fernando Sobral, eu sei lá.»
Seria preciso perguntar à pessoa visada, jornalista do Diário de Notícias, e, em todos os casos, a cada pessoa que tem esse apelido, porque a norma (Base L do Acordo Ortográfico de 1945) em vigor refere: «Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume, adopte na assinatura do seu nome.» Costume ou registo legal, na verdade. É o que me leva a grafar sempre o meu primeiro nome sem acento agudo: «Helder».
Não ignoro, naturalmente, que o apelido «Madail» ganhou grande visibilidade — e daí todas as elucubrações à volta dele — graças a Gilberto Madail, que ora se vê grafado com acento ora sem acento. Se alguma coisa me choca, é esta hesitação, nada mais. Para mim, a regra de que as palavras agudas terminadas em l não são graficamente acentuadas aplica-se somente aos nomes comuns. E será escusado lembrarem-me os nomes «Abigail», «Vermoil» e outros. Tão escusado, na verdade, como esgrimirem o argumento de que «Madail» está assim registado no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado. Em suma, a forma como cada um escreve o seu nome faz fé. Nisto, não estou com Cesare Pavese, que escreveu: Pensa mal, non ti sbaglierai. Se houver dúvidas ponderosas e em casos oficiais, peça-se ao visado prova do facto. Quanto ao resto, ocupemo-nos dos verdadeiros erros no uso da língua portuguesa, que não são poucos.

4 comentários:

João Villalobos disse...

Já agorA esclareço que o apelido do Fernando tem acento embora o próprio esclareça que a grafia geralmente seguida e segundo ele «correcta» é sem acento.
Diz o próprio:
«Há uma regra bizarra, que me explicaram uma ou duas vezes, e é mais ou menos assim: todas as palavras agudas terminadas em “l” e precedidas de duas vogais que não formem ditongo, se a última for “a” ou “e”, então não são acentuadas».

Abraço

Helder Guégués disse...

Caro João Villalobos
Cá está: por costume. Por acréscimo, com uma teoria. Já o meu é por registo legal que tem acento. E assim vou continuar a escrevê-lo, contra ventos e marés.
Um abraço,
Helder Guégués

Anónimo disse...

1) - Ortograficamente, Madail não é acentuado, não por «uma regra bizarra» qualquer, mas tão-somente para cumprir a Base XIV do Acordo Ortográfico de 1945 (actualmente em vigor) e que não será modificada pelo futuro Acordo de 1990 (como é exemplificado acolá com ADAIL).
2) - O nome de família Madail, característico e relativamente vulgar na região de Aveiro e Ílhavo é dessa forma escrito.

Anónimo disse...

Uma pesquisa mais rebuscada permitiu aceder ao «Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa», de Rebelo Gonçalves, edição de 1947, da Livraria Editora Atântida, de Coimbra, onde, na página 161, em "OBS. 3.ª - Quando as vogais tónicas I e U de palavras oxítonas ou paroxítonas são foneticamente distintas de uma vogal anterior, mas terminam sílaba seguida de NH ou estão em sílaba terminada por L, M, N, R ou Z, dispensam o acento agudo (BASES ANALÍTICAS, XIV)", entre outras palavras, podem ler-se: «Abigail», «adail», «Fail», «Madail » e «Vermoil».