21.4.08

Redacção

Bem explicado

Aimé Césaire foi de novo notícia, agora pelos piores motivos: morreu. Lia-se no Diário de Notícias: «Aimé Césaire, pai do conceito de negritude — a consciência de ser negro —, morreu ontem aos 94 anos num hospital em Fort-de-France, onde estava hospitalizado há uma semana devido a problemas cardíacos. […] Aimé Césaire foi um dos fundadores do Movimento Negritude, criado depois da II Guerra Mundial, que agregou escritores negros francófonos, entre os quais o senegalês Léopold Sédar Senghor. Este assegurou que foi Césaire a inventar a palavra, embora ele próprio preferisse a expressão “criação colectiva”» («Um infatigável lutador contra o colonialismo», Ana Marques Gastão, 18.4.2008, p. 43).
Esta última frase é equívoca: pode levar o leitor a crer que Senghor preferia a expressão «criação colectiva» ao vocábulo «negritude». Bem traduzido do francês, ficaria melhor: «Aimé Césaire a consacré sa vie à la poésie et à la politique. C’est en 1939, dans son célèbre recueil Cahier d’un retour au pays natal qu’il entre en poésie et emploie pour la première fois le terme de “négritude”. Le Sénégalais Léopold Sédar Senghor a attribué la paternité de ce concept (qui signifie : la conscience d’être noir) à Césaire, mais ce dernier préférait parler de “création collective”» («L’état de santé d’Aimé Césaire reste “stable” mais “préoccupant”», Le Monde, 12.4.2008).

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