Bah
Na comédia romântica As Leis da Atracção (Laws of Attraction, de 2004), que ontem à tarde passou na TVI, há várias cenas de tribunal. Numa delas, entre réplicas, tréplicas, perguntas e respostas, lê-se a determinada altura nas legendas: «Meirinho!» Talvez tenha sido a juíza Abramovitz a gritar («Marshal!»?), não sei. A tradutora, Sara David Lopes, não tem estado certamente na Terra nos últimos tempos. (E não há revisão das legendas, como a não há da edição de Internet dos vários meios de comunicação. O público, bah, não merece tais luxos...) O primeiro meirinho-mor, que tinha à sua disposição outros meirinhos (do latim majorinu, diminutivo de major, maior), surgiu com o rei D. Afonso II. É uma figura que, entretanto, ficou pelo caminho da História. Agora temos os oficiais de justiça, nas suas diversas categorias (escrivão de direito, escrivão-adjunto e escrivão auxiliar; técnico de justiça principal, técnico de justiça-adjunto e técnico de justiça auxiliar) e carreiras (judicial e do Ministério Público).
Esta era uma película delico-doce, claro. Os autênticos filmes de tribunal (court movies, na designação norte-americana) são, para mim, o género preferido. Ainda me lembro de ter visto na Cinemateca Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution, 1957), com o magnífico Charles Laughton, Marlene Dietrich, Tyrone Power, entre outros.
Na comédia romântica As Leis da Atracção (Laws of Attraction, de 2004), que ontem à tarde passou na TVI, há várias cenas de tribunal. Numa delas, entre réplicas, tréplicas, perguntas e respostas, lê-se a determinada altura nas legendas: «Meirinho!» Talvez tenha sido a juíza Abramovitz a gritar («Marshal!»?), não sei. A tradutora, Sara David Lopes, não tem estado certamente na Terra nos últimos tempos. (E não há revisão das legendas, como a não há da edição de Internet dos vários meios de comunicação. O público, bah, não merece tais luxos...) O primeiro meirinho-mor, que tinha à sua disposição outros meirinhos (do latim majorinu, diminutivo de major, maior), surgiu com o rei D. Afonso II. É uma figura que, entretanto, ficou pelo caminho da História. Agora temos os oficiais de justiça, nas suas diversas categorias (escrivão de direito, escrivão-adjunto e escrivão auxiliar; técnico de justiça principal, técnico de justiça-adjunto e técnico de justiça auxiliar) e carreiras (judicial e do Ministério Público).
Esta era uma película delico-doce, claro. Os autênticos filmes de tribunal (court movies, na designação norte-americana) são, para mim, o género preferido. Ainda me lembro de ter visto na Cinemateca Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution, 1957), com o magnífico Charles Laughton, Marlene Dietrich, Tyrone Power, entre outros.
10 comentários:
Prezado Helder,
obrigado "pelas asas" !
Os meirinhos avisaram os culpados....
Uma razão mais para ser orgulhoso português.
Encontrei as ordenações do bispo de Evora do ano 1598:http://briefeankonrad.blogspot.com/2008/09/anforderungsprofil-fr-einen-meirinho.html
Consegue deciffrar "Fará tetmo" ?
O que era um "tetmo" ?
obrigado
Ralf
Se a tradutora não tem estado na Terra nos últimos tempos, pelos vistos o senhor não tem estado em Portugal! "Revisão de legendas"? Com muitos dos filmes a chegarem num dia e terem de estar traduzidos e legendados um ou dois dias depois, como infelizmente vai sendo a norma? E as traduções pagas a cerca de 1/5 do valor pago em outros países? Onde julga o Sr. Guégués que está, na Europa?
Quanto à crítica pela tradução, e sem ser o mandatário da Sara David Lopes para lhe responder, não sei se terá sido o caso, mas como "meirinho" é bem mais curto que "escrivão auxiliar", talvez ela tenha usado o termo por economia; é que as traduções de audiovisuais estão condicionadas pelo tamanho de legenda/tempo de exposição.
Elísio Correia Ribeiro
É a abreviatura de «testemunho».
Um abraço.
Com que então, é por ser mais curto? E só faltava aqui (já ouvi noutros sítios) o argumento de que é mal pago. Se é mal pago, fazemos mal, é isso?
Eu não disse que é por ser mais curto, mas sim, "não sei se terá sido o caso".
E não, "como é mal pago não fazemos mal"; apenas, para ser rentável, não há hipótese de se ter muitas vezes o cuidado que se desejaria.
Como eu não sugeri «escrivão auxiliar». Bastava «escrivão», vocábulo que tem precisamente o mesmo número de letras, oito, de «meirinho».
Há dias tive oportunidade de ver um filme que saiu com o Correio da Manhã. Nas legendas havia de tudo: districto, falás-te...
Se tivesse sido eu a comprar o jornal com o filme tinha enviado um dicionário ao(à) tradutor(a).
Caro Ricardo, faça um favor a si próprio e a todos nós: insurja-se, proteste, barafuste, queixe-se, telefone escandalizado... As editoras querem lá saber da qualidade das traduções e do português porque, à boa maneira portuguesa, nós só sabemos protestar à mesa do café e não junto de quem de direito. Se depender delas, desde que haja uma legenda no ar, está tudo bem. Portanto... ligue ao Correio da Manhã! Por favor.
Provavelmente o que foi dito foi «bailif», que se ouve muito nesses filmes, e que os dicionários dizem ser «meirinho». Mas esse anacronismo da tradutora até passa... pior foi ver (noutro programa) o Juramento de Hipócrates (ou hipocrático) ser traduzido por Juramento Hipócrito.
Penso que há ainda outra questão na opção de traduzir "bailiff" por meirinho. Penso (e se não for assim, perdoem a ignorância)que a função desempenhada pelos "bailiffs" nos tribunais americanos é desempenhada pela polícia nos tribunais portugueses. Logo, não há uma tradução directa para o termo e parece-me que meirinho é um bom compromisso.
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