In Record, 6.11.2008, p. 35
Como um peru
Na notícia do óbito da actriz (palavra que, a propósito, pronuncio sempre com a fechado), o Diário de Notícias foi das poucas publicações que escreveu «Milu», sem acento*, porque as palavras oxítonas ou agudas terminadas em i e u não têm acento. Sendo um hipocorístico, creio que é de aplicar a regra sem contemplações.
Como um peru
Na notícia do óbito da actriz (palavra que, a propósito, pronuncio sempre com a fechado), o Diário de Notícias foi das poucas publicações que escreveu «Milu», sem acento*, porque as palavras oxítonas ou agudas terminadas em i e u não têm acento. Sendo um hipocorístico, creio que é de aplicar a regra sem contemplações.
Na notícia do Record temos dois hipocorísticos (Milu e Juju), ambos oxítonos terminados em u, e só um tem acento. O jornalista e o revisor não repararam na incongruência.
* O Prof. Carmo Vaz escreveu que «“acentuação gráfica” é redundância. Toda a acentuação é sempre gráfica» (Carmo Vaz. Código de Escrita: Linguística Portuguesa 1. Segunda edição revista e aumentada. Lisboa: Editora Portuguesa de Livros Técnicos e Científicos, 1983, p. 136).
* O Prof. Carmo Vaz escreveu que «“acentuação gráfica” é redundância. Toda a acentuação é sempre gráfica» (Carmo Vaz. Código de Escrita: Linguística Portuguesa 1. Segunda edição revista e aumentada. Lisboa: Editora Portuguesa de Livros Técnicos e Científicos, 1983, p. 136).
11 comentários:
Ou «foi das poucas publicações que escreveram»? ;)
É indiferente o uso do singular ou do plural, como as melhores gramáticas ensinam.
E o funeral realiza-se «para o» ou «no»?
Deveria ter-se escrito no.
Helder,
«As gramáticas» (bom, entenda-se «os gramáticos») também são patetas quando calha.
Não leve a mal que repita um exemplo já aqui deixado: «O Pedro era um dos que REDOAVA o caixão».
Aceita?
Mas aceite um abraço.
Fernando
Caro Fernando
Aceito tudo: que os gramáticos são patetas (quando calha) e o seu abraço. Aos gramáticos, estamos cá para os contrariar. Mas verá que não são apenas os gramáticos os patetas que temos.
Um abraço de volta,
Helder
Antes de mais, aceite um abraço. Hoje, descobri este blog e fiquei bastante satisfeito por ver outra pessoa tão preocupada e genuinamente indignada com o uso que se faz, nos nossos dias, da língua portuguesa.
Mal consigo ver os canais portugueses pois a nossa língua é tão levianamente assassinada, seja num debate ou no telejornal, que prefiro os ecos do Eça que tenho na cabeça.
Neste blog, em apenas 5 minutos, aprendi imenso - e por isso lhe fico muito agradecido.
Comentando agora o artigo, a propósito do "no" ou, como no original, "para o", aquando da leitura da frase entendi que era referida a paragem final do percurso do funeral, que seria, neste caso, da casa da defunta "para o" cemitério de S. João do Estoril.
Outro abraço,
Fernando.
Fernando Martins, se aprendeu muito em cinco minutos, ainda bem. Está a confundir funeral com cortejo fúnebre, uma sinédoque que a sintaxe portuguesa não permite. E a propósito de sintaxe, gostaria de vê-la tratada aqui mais vezes. Desfaria muita confusão, como agora a do Sr. Fernando Martins. Obrigado.
Como assim, «Toda a acentuação é sempre gráfica»? Então e a acentuação tónica - primária e secundária -, desapareceu?
Se a acentuação é sempre gráfica, devo depreender que nenhuma palavra com diacríticos é acentuada em sílaba alguma?
Caro César, tem toda a razão. Estava a simplificar demais, tomando a parte pelo todo.
Obrigado pelo esclarecimento.
*No meu post de ontem, leia-se «sem diacríticos» onde está escrito «com diacríticos».
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