12.12.08

«Passatempo»: aglutinada ou justaposta?

E agora?

Um grupo de alunos escreveu-me para me comunicar que no livro de exercícios Oficina de Gramática, para o 2.º Ciclo, da autoria de Ermelinda S. Silva et al. (3.ª ed., Edições Asa, 2004), o adoptado na escola, na ficha relativa à formação de palavras da página 145 se pede que o aluno encontre, num conjunto de palavras, aquela que não é composta por justaposição. O conjunto inclui: passatempo, arroz-doce, guarda-sol, papa-formigas e fidalgo. Na página 205, as soluções dão «fidalgo» como sendo a única palavra que não é formada por justaposição. Até aqui, tudo bem. O pior é que o manual adoptado, Novo Português em Linha, de Maria do Céu Vieira Lopes e Dulce Neves Rola (5.ª ed., Plátano Editora, 2007), também numa ficha informativa, na página 80, inclui a palavra «passatempo» (a par de outras, como aguardente, malmequer e planalto) entre as que são formadas por aglutinação. Quid juris?
A primeira dificuldade na análise poderá ser o facto de o vocábulo não ter hífen. Se o tivesse, estaríamos inequivocamente perante um vocábulo formado por justaposição, já que nenhum composto por aglutinação se escreve com hífen. Contudo, «passatempo» não tem hífen, pelo que tanto poderia ser formado por justaposição como por aglutinação. Nos vocábulos formados por aglutinação, verificam-se algumas alterações ortográficas nas palavras unidas e o acento tónico apenas se mantém na última. Nos vocábulos formados por justaposição, os constituintes mantêm a integridade fonológica. Logo, o vocábulo «passatempo» inclui-se entre estes últimos.

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