26.3.09

«Antirreeleição»


Para espantar?

Escreve o leitor Paulo Araujo que tem notado que os jornais brasileiros, parece que propositadamente, estão agora a usar palavras que sofreram alteração ortográfica com o Acordo Ortográfico de 1990, «talvez até por pedantismo», suspeita «mas isto tem um sentido educativo muito importante; as pessoas acabam aprendendo sem se preocuparem de estudar o assunto». A imagem mostra uma manchete de uma notícia no Estadão de hoje, em que se pode ler «um palavrão (apenas no tamanho), mas recomendo ao leitor malévolo para buscar a acepção correta de “racha” para esse contexto». Já aqui tínhamos visto a mesma acepção para esta palavra: cisão de um grupo político, de um partido. Para os Brasileiros como para nós, «racha» também é a vagina, mas é vocábulo que quase não vejo ser usado.
A imprensa pode ter realmente um papel muito importante na rápida assimilação das novas regras ortográficas, muitas vezes até forçando a nota. É pedagógico, sim.

3 comentários:

Pedro Bingre do Amaral disse...

O leitor Paulo Araujo não se filia na família Araújo? :-) (Homero por vezes também adormecia, diz-se.)

Helder Guégués disse...

Caro Pedro Bingre,
Agora falhou redondamente: o leitor Paulo Araujo é brasileiro, e o apelido dele não tem acento. Tal como o meu nome, Helder, também o não tem.

Pedro Bingre do Amaral disse...

E porquê essa excepção aberta ao apelido Araújo e ao nome próprio Hélder? Se se tratassem de personagens cuja etnia e onomástica fossem alheias ao espaço lusófono, compreenderia — pelo mesmo motivo que me faz estremecer perante livros traduzidos tão exaustivamente ao ponto de se aportuguesar o nome próprio do autor — como o "Frederico Nietszche" de antigas edições. Que reine arbitrariedade na ortografia da onomástica lusófona, parece-me contrário aos próprios objectivos da normalização da grafia. Se se vai por aí, abulam-se os acordos ortográficos.