2.3.09

«Chocolatier»?


Não andamos a perder nada


      Uma leitora brasileira, professora de Inglês, pediu-me uma vez que abordasse com mais frequência o uso de estrangeirismos na língua portuguesa. Mas isso foi há dois anos. Entretanto, já muitas vezes tratei aqui da matéria. Habitualmente, é o uso desnecessário, quando não incorrecto, inadequado, de estrangeirismos que suscita a minha intervenção. É o caso de hoje. A propósito do Festival do Chocolate de Óbidos, lê-se na secção «Boa vida» da revista Notícias Sábado de 21 de Fevereiro: «Vai haver esculturas em chocolate, concursos de chocolatier do ano, montras de chocolate e concurso internacional de receitas de chocolate» (p. 52).
      Agora é muito simples: confrontamos os verbetes «chocolatier» de um dicionário de francês e «chocolateiro» de um dicionário de português. «Chocolatier: personne qui fabrique ou qui vend du chocolat. Des parfums de vanille montant du sous-sol d’un chocolatier (ZOLA, Nana, 1880, p. 1260)» (in TLFI). «Chocolateiro: que ou aquele que fabrica ou vende chocolate (‘produto alimentar’)» (in Dicionário Houaiss). Ora digam-me lá se não é por pretensão que muitas vezes se usam estrangeirismos.


1 comentário:

Norberto Vilas disse...

É por pretensão, mas a pretensão muitas vezes não é de quem escreve. Até aposto que os seus chocolateiros de Óbidos fazem questão de serem "chocolatiers" e ofendem-se se lhes chamarmos chocolateiros. É como os presidentes de empresas que têm a mania de CEO e os agentes comerciais que acham que são account managers e por aí fora...