28.5.09

Léxico: «precariado»


Nova classe social



      Foi automático: mal me ocorreu a palavra «alumprar», veio-me à mente a palavra «lumpemproletariado» e, de seguida, o neologismo precariado (de precari(edade) + (prolet)ariado). «Mayday é a chamada via rádio para emergência ou ajuda (deriva do francês m’aidez). A expressão deu nome ao movimento/ideia/marcha contra a precariedade laboral, que em 2001, em Milão, ocorreu pela primeira vez no dia 1 de Maio, Dia Internacional do Trabalhador. Em 2007, chegou a Lisboa e, neste ano, ao Porto. A nível internacional, já passa por Toronto, Helsínquia ou Tóquio, entre muitas outras cidades. Por cá, o grito de guerra será “o precariado dá luta”» («‘O precariado dá luta’», Bernardo Aguiar, Tabu, 24.04.2009, p. 17).


11 comentários:

Anónimo disse...

A SIC, e já o faz há uns anos, bate-se por substituir "1º de Maio" por "May Day". Não tem conseguido que a moda pegue (nestas coisas da língua também há a volúpia de se querer ser original).

MFCR

Anónimo disse...

Hoje aqui na empresa é pay day. Felizmente não cheira.

Anónimo disse...

A propósito de "precariado", julgo já ter lido várias formas do neo-verbo "precarizar", assim como do seu irmão "priorizar" - não para dar entrada ao senhor prior mas para, alegadamente, dar prioridade. E estas, hein!

Anónimo disse...

Os seus preconceitos só o prejudicam... qual é o problema com priorizar? E com precarizar?

venancio disse...

Quanto mais penso na palavra PRECARIADO mais inventiva ela me parece. Para uma coisa séria, arranjou-se uma piscadela ao conjunto a que já pertenciam "operariado", "proletariado". Como se tivesse sido inevitável descobri-la.

Rosalvo Almeida disse...

Eu, o "Anónimo" de 29 Maio, confesso que fui preconceituoso ao afirmar que as palavras «precarizar» e «priorizar» não existem. De facto elas não constam do Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa nem do da SLP, assim como não aparecem nos electrónicos da Infopedia ou da Priberam. Contudo o Houaiss e o Aulete já as contemplam. Dou o braço a torcer! Vou passar a olhar para elas com outros olhos e a ouvi-las sem crítica. Por isso revogo o anonimato para que me "batam" à vontade...

venancio disse...

Rosalvo Almeida,

Vá lá, que o Houaiss tem esses verbos. Fico espantado. Porque faltam-lhe OSTRACIZAR e VIGARIZAR.

Como lhe faltam dezenas de outros vocábulos correntes, de que destaco ACUTILANTE, CALCINANTE, DESCOROÇOANTE, EXTASIANTE, FRACTURANTE (este entende-se, é recente), IMPANTE, VICIANTE.

Mas tem milhares de "nomes do habitante" de cidadezinhas brasileiras.

Estou a falar da edição brasileira em CD-rom, mas também da edição "portuguesa", de Malaca Casteleiro. Que falta de profissionalismo!

Anónimo disse...

Mas eu quero lá saber se esses termos estão dicionarizados ou não! ESSE é que é o preconceito que eu repudio!

Anónimo disse...

Anónimo,

Explique lá isso, que deve ser interessante: como é que desejar (e exigir) dicionarização de vocábulos correntes pode ser visto como «preconceito». A sério, estou curioso. Nada melhor, em ciência, que um bom paradoxo.

Anónimo disse...

Preconceito é só querer usar palavras dicionarizadas. Paradoxo é as palavras terem de já estar a ser usadas antes de serem dicionarizadas.

venancio disse...

Caro Anónimo,

Uma coisa é exigir a dicionários famosos, e caros, que façam o trabalho de que dizem incumbirem-se (reflectir o acervo lexical duma comunidade) - outra é só se usarem palavras que estejam dicionarizadas. A primeira atitude é cívica, a segunda infantil.

Eu não tinha percebido que esta última merecia tanto a indignação (ou sequer a atenção) de alguém que se move por estes sítios.