10.5.09

O verbo «parar»

Cartas ao director

      O leitor Elysio Correia Ribeiro mandou uma carta ao jornal Público e quis partilhar comigo o seu teor:

«Exmo. Senhor Director,
Ciclicamente mimoseia-nos o Público com novos disparates em português. Na edição de hoje li, por duas vezes, “páram” assim escrito, com acento agudo no “a”, uma delas logo na primeira página na notícia sobre touradas.
Talvez fosse bom dizer aos seus jornalistas que, no presente do indicativo do verbo parar, apenas a 3.ª pessoa do singular — pára — tem acento, para se distinguir de “para”. Não se escreve “páro”, “páras” nem “páram”!
PAREM — não párem — portanto de contribuir para a estupidificação das gentes, sim?
Cordialmente,
Elysio Correia Ribeiro».

     Convém recordar que, pelo Acordo Ortográfico de 1990, para (á), flexão de parar, e para, preposição, passam a deixar de se distinguir pelo acento gráfico.

3 comentários:

preocupada disse...

OBRIGADA.
Muito recentemente aderi a esta "novidade" blogues e comentários, tenho-me visto aflita cheia de dúvidas com os S os acentos as cedilhas...conto com a ajuda do computador mas mesmo assim tenho sempre muito medo de estar a dar erros.
Não escrevo "param" com acento mas provavelmente dou outros erros o que me irrita! Agradeço todas as pessoas que nos alertam e ensinam.

Freire de Andrade disse...

Quanto a mim, esta última questão, a retirada do acento de "pára" do verbo parar, que permitia distinguir de "para", é um autêntico disparate. Por exemplo na frase "Pára para eu poder sair!", passa a escrever-se "Para para eu poder sair!" Só dá confusão. É uma das regras que me recuso a seguir.

R.A: disse...

Por acaso, caro Freire de Andrade, essa frase até não dá tanta confusão assim! Ninguém dirá "para pára" ao lê-la. Alías, já hoje, todos lemos o "a" como se tivesse acento em numerosas palavras que o não têm (cara, bala, face), assim como distinguimos sem dificuldade palavras homógrafas sem recurso a acentos ("gosto do teu bom gosto"; "faz força e força essa porta"; "tenho sede, vou à sede do clube beber um copo"; "erro se não vejo o teu erro"). Recusar um acordo ortográfico (aprovado por vários países, pelo nosso governo, pela nossa assembleia - unanimemente - e pelo nosso PR) é quase como dizer: recuso-me a andar pela direita na estrada, acho melhor andar pela esquerda...