15.5.09

Plural de palavras estrangeiras

Sem fatuidade


      «E, no campo religioso, estamos sufocados por uma religião formalista, cada vez mais comandada do exterior, preocupada com a aparência (usar o véu, a barba, a burka ou o niqab), com as inúmeras regras que os imãs impõem com as fatwa.» Creio que já o defendi aqui uma vez: se usamos um estrangeirismo, devemos usar as flexões (masculino/feminino, singular/plural) da língua de que provém. No texto que reproduzo, aparece a palavra «fatwa» como sendo um plural — e não é. Também acontece muitas vezes, para formar o plural, juntar-se-lhe um s, o que pode não se adequar ao original (pensemos no italianismo graffiti). O Livro de Estilo do Público, por exemplo, refere-se concretamente ao termo do texto: «“fatwa” (plural “fatawa”) — Termo técnico usado na lei islâmica para indicar um julgamento ou uma deliberação legal formal.» Se queremos pluralizar como o fazemos na língua portuguesa, aportuguesemos o vocábulo. O seriíssimo jornal O Estado de S. Paulo é isso que, de vez em quando, faz: «Um imã de Calcutá emitiu uma fátua (édito religioso) contra a escritora de Bangladesh Taslima Nasreen por seus comentários “anti-islâmicos”, informou nesta segunda-feira o diário The Times of India» («Imã emite fátua contra escritora por crítica ao Islã», 26.06.2006).

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