27.5.09

«Reboliço» e «rebuliço»

Colarense ou colarejo?

A colareja



      «Sabe apenas que o computador “é daqueles mesmo originais, que o Ministério da Educação dá aos miúdos”. E, para que não restem dúvidas, liga o aparelho, no meio do reboliço da feira, só para o comprovar» («Computador ‘Magalhães’ é estrela do mercado negro», Joana Pereira Bastos, Expresso, 1.05.2009, p. 22). No campo das homófonas, é um dos erros mais comuns. Já o vi em traduções e mesmo em autores portugueses habitualmente cuidadosos. Reboliço é o que tem forma de rebolo, arredondado; que rebola. Quando me vem à mente a palavra «colareja», é sempre encarnada por uma matrona reboliça, dada, pois claro, a grandes rebuliços: grandes bulícios; grandes desordens e vozearia; balbúrdia, confusão, agitação. «Venha cá, ó freguês!»

3 comentários:

Anónimo disse...

Haverá alguma relação entre as colarejas que iam a Lisboa vender fruta e a acepção de «colareja» como prostituta? Será que algumas destas colarejas de Colares iam a Lisboa também para vender outro tipo de «fruta»? Chame-se a equipa do Apito Dourado para investigar a questão!

Fernando Ferreira

Paulo Araujo disse...

"Se olho em volta de mim, se paro, se contemplo, / Vejo abrir um bordel dentro de cada templo, / São cheios os quartéis, repletas as igrejas. / Os ébrios histriões e as ébrias colarejas / Cantam nas espirais do fundo sorvedoiro. / Cada corpo gentil vale um punhado d'oiro." Guerra Junqueiro, A Morte de Dom João, Lello & Irmão, Lisboa,página 31(na minha modesta opinião, a maior obra poética da nossa língua.)

Anónimo disse...

Hoje foi a jornalista Gabriela Oliveira que rebolou, escrevendo «Reboliço matinal» em vez de «Rebuliço matinal». («Críticos literários de palmo e meio», Revista Tabu, p. 29.)