13.5.09

Sobre «casual»

Depende do acaso

Apenas dicionários «pós-modernos» como o Houaiss, como há quem diga depreciativamente, registam no verbete referente ao adjectivo casual a acepção de «concebido para uso informal», a partir do inglês casual, «informal, desportivo», como em casual clothes. (Verbete que, de resto, neste dicionário precisa de ser revisto, pois contém incorrecções.) No excerto que se segue, o vocábulo é tratado como um verdadeiro estrangeirismo, o que é raro ver-se: «Talvez Wilbert Das, o director criativo da marca italiana de roupa “casual” Diesel, resuma o que pensam os seus camaradas de ofício (e não só) quando diz: “No universo da moda tudo é efémero e frenético. Alguns designers sentem o apelo de se envolverem em algo que dure mais do que uma estação”» («Eles também têm hotéis», Única, 9.05.2009, p. 56). Há muito tempo que o vocábulo casual, contra ventos e marés, se integrou na língua portuguesa. Esta integração revela-se na adaptação das vogais e das consoantes ao sistema fonológico do português sem qualquer alteração gráfica, como ocorreu noutros vocábulos. No caso, a adaptação deu-se também por deslocamento do acento, pois no original tem acento primário na primeira sílaba e passou para o léxico do português com acento na terceira sílaba (é um oxítono). Para muitos falantes, casual não é só o «que depende do acaso», mas (por ignorância? por opção?) o que é «informal».

Sem comentários: