17.6.09

Léxico: «excessividade»

Falta de moderação


      «Aurora Campelo frisa, contudo, “alguma excessividade[”] na forma como Marinho e Pinto se exprime e interroga se a crispação existente nalguns sectores não estará relacionada com “lóbis e interesses beliscados”» («“Permita que lhe diga, senhor bastonário… gosto muito de o ouvir falar”», Paula Torres de Carvalho, Público, 7.06.2009, p. 13). Não são todos os dicionários da língua portuguesa que registam o termo «excessividade». (Alguns, porém, até «excessivismo» registam.) A fiar-me na definição do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que o regista, «qualidade de tudo o que é excessivo», não me parece que tenha sido utilizado com propriedade na frase do Público, mas gostava de ler outras opiniões. As restantes línguas novilatinas não registam nenhum vocábulo equivalente a este «excessividade». Em espanhol e em galego, apenas exceso; em catalão e em romeno, excés; em francês, excès; em italiano, eccesso. E «excesso», substantivo formado a partir do supino (forma nominal dos verbos latinos, em –um e em –u, que não passou para o português, de cujo radical se obtém o particípio passado e que, usada como nome, designa o resultado da acção, a finalidade: Hostes venerunt deletum oppidum [Os inimigos vieram para destruir a cidade]; Res facilis dictu [Coisa fácil de se dizer]) latino excessum, parece-me chegar para os gastos.

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