23.6.09

Ortografia: «narcoestado»

Sem narcoanálise

      «O resvalar da antiga Guiné Portuguesa para o estatuto de Narcoestado fora admitida o mês passado pelo Departamento de Estado, em Washington» («Primeiro Narcoestado da África Ocidental terá cocaína a circular à média de mais de mil milhões de dólares por ano», Jorge Heitor, Público, 26.03.2009, p. 4). Sim, senhor: narcoestado escreve-se sem hífen, pois o antepositivo narc(o)- solda-se sempre ao elemento seguinte, excepto, naturalmente quando este começa por h, mas, mesmo nesse caso, podemos ter: narco-hipnose e narcoipnose. Já não me parece, caro Jorge Heitor, que precise de começar por maiúscula inicial. Veja este exemplo com outro antepositivo: «Os modelos seleccionados por Pazzi são todos padres católicos que transitam por Roma, mas não são necessariamente italianos: o padre de Fevereiro, por exemplo, é espanhol, de Saragoça, e na cidade que acolhe o microestado do Vaticano, o fotógrafo — que é de Veneza — apanha na sua objectiva sacerdotes de toda a Itália» («Um belo padre por mês», Leonor Moreira, Notícias Sábado, 6.06.2009, p. 32). Escusado será dizer que o termo «narcoestado», cada vez mais usado nos meios de comunicação social, ainda não está dicionarizado.

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