25.7.09

Acento diferencial


Mais um passo

Talvez esteja na hora de o Record dar mais um passo na adopção do Acordo Ortográfico de 1990 e deixar de usar o acento diferencial na forma verbal «pára». Ao que parece, os leitores — e o Record é, sabiam?, o título desportivo com maiores vendas, 67 mil exemplares/dia — assimilaram bem as novas regras já introduzidas. Seria então: «Ninguém para Cardozo».

5 comentários:

Anónimo disse...

Discordo. Temos aqui um bom exemplo para ilustrar a utilidade do acento em «pára». Sem acento, a frase poderia ser interpretada (e sê-lo-ia, com certeza, por muitos leitores) de uma forma totalmente diferente. Há mudanças que é preferível não adoptar. Pelo menos, até sermos obrigados a fazê-lo.

Fernando Ferreira

Helder Guégués disse...

Caro Fernando Ferreira,
Salvo melhor opinião, quando o novo acordo estiver em vigor, temos de acatar todas as normas, e não apenas aquelas que nos agradam ou se nos afiguram consensuais. Assim, mais valia o Record começar, gradualmente, a adoptá-las todas.

Anónimo disse...

FF, considere este título hipotético: "Jogadores aos molhos", ilustrado com uma foto. Também precisa de acento ou vai procurar no contexto, incluindo a foto?

R.A. disse...

Caro Fernando Ferreira,
Mesmo com o a(c)tual acordo, já temos palavras homógrafas que, por vezes, dão origem a dúvidas na pronúncia. Imagine o Record a titular: "Sede do Benfica satisfeita" ou "Cristiano: acordo hoje"...
As novas regras do AO1990 primeiro estranham-se, depois entranham-se! Vai ver que não custa tanto assim...

Anónimo disse...

Caros Helder, anónimo e R.A.:
Aceito e agradeço os vossos comentários à minha opinião (muito particular, pelos vistos). Admito que o problema seja mesmo meu. Sendo a minha formação em ciências exactas, e exercendo funções de docência, desde muito cedo me habituei a fugir das ambiguidades, o que é especialmente importante quando se trata de fazer avaliações. Sempre que escrevo uma frase susceptível de interpretações diversas, acabo por reescrevê-la para as evitar. É por isso que, como dei a entender, provavelmente terão de me obrigar a escrever de forma dúbia.
Neste caso concreto do “Record”, e tratando-se da notícia principal da 1.ª página do jornal (aquela que vende), imagino que o critério que prevaleceu tenha sido, precisamente, o de evitar leituras enviesadas. Optarem pela solução alternativa («para») certamente induziria em erro alguns (porventura poucos) leitores, que poderiam sentir-se ludibriados. Talvez o “Record” prefira ir habituando os seus leitores às regras do AO de 1990 de uma forma mais moderada, sem levantar grandes ondas.
Dito isto, e dando a mão à palmatória, regresso ao meu canto.
Fernando Ferreira