29.7.09

Concordância: «tipo de»


Livro de reclamações

      Um anónimo — que assina Blueangelwoman — ficou estomagado com uma observação que eu fiz, num texto de Março de 2008, à pronúncia do adjectivo «revolta» ouvida no programa Boulevard, na Antena 2. «Um dia», escreve Blueangelwoman, e começa a frase com minúscula, mas espero que seja lapso, «explicará com certeza, neste seu espaço semi-jactancioso, o que é uma rádio “não cultural” e, já agora, o que é a “não cultura”...» Primeira pista: quem comenta é apenas semiletrado, pois que o prefixo semi- se liga por hífen ao elemento seguinte apenas quando este começa por h, i, r ou s. Logo, semijactancioso. (Mas há quem assegure que é — ou são, o espaço e o autor — jactancioso. Opiniões.) Blueangelwoman ainda me pergunta: «Ou será que o que queria dizer com rádio cultural era rádio erudita?» Não queria, e apetecia-me mesmo acrescentar que convém saber onde estamos… Era mesmo rádio cultural. Veja por aí. E sentencia: «Parece-me que este tipo de desleixos (da ordem da terminologia) também não fazem muito bem à nossa Língua.» É aceitável mas não o mais correcto fazer concordar o verbo com o complemento determinativo («de desleixos»). Prefiro, sem jactância, a concordância do verbo fazer com o sujeito singular tipo, Logo: «Parece-me que este tipo de desleixos (da ordem da terminologia) também não faz muito bem à nossa Língua.» Um consolo: é cordato, pois despede-se com um «atenciosamente». Não esperava menos de um anjo.