Vejamos
«Os médicos afirmam que [Nicolas Sarkozy] teve uma lipotímia de esforço causada pelo calor» («Sarkozy teve alta», Correio da Manhã, 28.07.2009, p. 31). É uma controvérsia infindável, mas não me vou eximir a ela. Donde provém a palavra — do latim ou do grego? É do grego, sem intermediação latina. Ora, as palavras com sufixo nominativo -ia, que é tónico na língua grega, são paroxítonas, quando não foram usadas na língua latina: anemia, anisocoria, anorexia, anosmia, arritmia, astenia, cardiopatia, disfasia, dislalia, geografia, isquemia, lipotimia, patologia, polidipsia, retinopatia, sinequia… Em relação a algumas, porém, o uso e os dicionários consagraram já, indiferentemente, as formas tónicas e átonas, como biopsia/biópsia, por exemplo. Noutros casos, ficou consagrada a forma errada, como alopecia, que deveria ser alopécia, dado ter vindo do latim. Há estudiosos, como o médico e helenista brasileiro Ramiz Galvão (1846–1938), que sugerem que se proceda à uniformidade prosódica nas palavras terminadas com sufixo grego -ia, solução de que discordou Rebelo Gonçalves: «Se fôssemos pensar na regra exacta, a regra seria precisamente respeitar um princípio que se impõe, na nossa língua, a toda a reprodução de palavras gregas ou formação de palavras novas por meio de elementos helénicos: seguir a acentuação exigida pela forma latina intermediária, quer dizer, a acentuação de uma forma verdadeira ou apenas suposta teoricamente, pois ao latim manda a filologia recorrer como base prosódica dos nossos helenismos. Iríamos, porém, longe demais, se o fizéssemos nessa categoria de palavras terminadas em ia» (F. Rebelo Gonçalves, «Linguagem médica», Revista da Associação Paulista de Medicina, 10, 1937, pp. 50-79).
«Os médicos afirmam que [Nicolas Sarkozy] teve uma lipotímia de esforço causada pelo calor» («Sarkozy teve alta», Correio da Manhã, 28.07.2009, p. 31). É uma controvérsia infindável, mas não me vou eximir a ela. Donde provém a palavra — do latim ou do grego? É do grego, sem intermediação latina. Ora, as palavras com sufixo nominativo -ia, que é tónico na língua grega, são paroxítonas, quando não foram usadas na língua latina: anemia, anisocoria, anorexia, anosmia, arritmia, astenia, cardiopatia, disfasia, dislalia, geografia, isquemia, lipotimia, patologia, polidipsia, retinopatia, sinequia… Em relação a algumas, porém, o uso e os dicionários consagraram já, indiferentemente, as formas tónicas e átonas, como biopsia/biópsia, por exemplo. Noutros casos, ficou consagrada a forma errada, como alopecia, que deveria ser alopécia, dado ter vindo do latim. Há estudiosos, como o médico e helenista brasileiro Ramiz Galvão (1846–1938), que sugerem que se proceda à uniformidade prosódica nas palavras terminadas com sufixo grego -ia, solução de que discordou Rebelo Gonçalves: «Se fôssemos pensar na regra exacta, a regra seria precisamente respeitar um princípio que se impõe, na nossa língua, a toda a reprodução de palavras gregas ou formação de palavras novas por meio de elementos helénicos: seguir a acentuação exigida pela forma latina intermediária, quer dizer, a acentuação de uma forma verdadeira ou apenas suposta teoricamente, pois ao latim manda a filologia recorrer como base prosódica dos nossos helenismos. Iríamos, porém, longe demais, se o fizéssemos nessa categoria de palavras terminadas em ia» (F. Rebelo Gonçalves, «Linguagem médica», Revista da Associação Paulista de Medicina, 10, 1937, pp. 50-79).
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