10.7.09

«Contentor monobloco»

Ora pensem lá

      «O último ainda ferve: o facto de 17 alunos de etnia cigana terem aulas à parte, num contentor ou monobloco, instalado na escola básica de Lagoa Negra, Barcelos, fê-la defender a “discriminação positiva” e sujeitar-se ao foguetório público e parlamentar» («Flores e espinhos da senhora DREN», Miguel Carvalho, Visão, 19.03.2009, p. 46). A frase refere-se à directora regional da Educação do Norte, Margarida Moreira, muito atreita a polémicas, que em entrevista à RTP 1, no mês de Março, afirmou que não se tratava de um contentor, mas de um monobloco. Uma boa parte da blogosfera argumenta, bah!, que a palavra «monobloco» nem sequer está registada nos dicionários, o que já nos permite aquilatar a valia intelectual dos autores. Do artigo que acabei de citar, infere-se claramente que o jornalista considera os vocábulos «contentor» e «monobloco» sinónimos. Se também é substantivo («Que ou o que é feito de uma única peça», regista o Dicionário Houaiss, por exemplo), «monobloco» aparece na maioria das vezes como adjectivo, e, no caso concreto, a qualificar «contentor»: contentor monobloco. Assim, é tão ridículo dizer que os vocábulos «contentor» e «monobloco» são sinónimos como afirmar que «chassis» e «monobloco» o são, pois existe o termo chassis (ou carroçaria, mais propriamente, inventado, ao que parece, por Vicenzo Lancia [1881–1937]) monobloco. Já que perguntam, respondo: sim, pode dizer-se contentor bibloco, mas se qualquer objecto não é monobloco, o normal é dizer-se que é constituído por módulos ou elementos.

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