Vocábulos tóxicos
«Pergunto se falta muito para se inaugurar o BGM [Banco Granda Merda] porque tenho entre mãos um portefólio de activos tóxicos da minha lavra que eu gostaria de transferir para lá» («Quanto pior, melhor», Miguel Esteves Cardoso, Público, 17.06.2009, p. 39). Também se diz assim, caro Miguel Esteves Cardoso, mas é muito inglês. Mesmo no meio económico-financeiro, tão submissamente permeável à língua inglesa, usa-se carteira para dizer o mesmo. É assim que vejo portfolio of shares traduzido por carteira de acções. Até nas publicações de teor exclusivamente económico tenho visto «carteira»: «Por exemplo muitos dos Fundos de Pensões Fechados geridos pela ESAF investiram recentemente num fundo de acções com uma estratégia quantitativa que representa um complemento da sua carteira de acções em 2 a 5%» («“Fundos voltam a ser alternativa de poupança muito forte”», Vítor Norinha, Oje, 28.04.2009). E, naturalmente, nos jornais generalistas: «O seu pai, que trabalhava no Brasil, tinha-lhe deixado uma tarefa de peso: gerir uma carteira de acções da empresa familiar, a Orey Antunes» («Ambicioso e destemido», Rita Roby Gonçalves, Diário de Notícias/DN Bolsa, 10.07.2009, p. 14).
«There is much evidence, for instance, that the performance of stocks is random — or so close to being random that in the absence of insider information and in the presence of a cost to make trades or manage your portfolio, you can’t profit from any deviations from randomness» (The Drunkard’s Walk — How Randomness Rules Our Lives, Leonard Mlodinow. Nova Iorque: Pantheon Books, 2008, p. 176).
«Pergunto se falta muito para se inaugurar o BGM [Banco Granda Merda] porque tenho entre mãos um portefólio de activos tóxicos da minha lavra que eu gostaria de transferir para lá» («Quanto pior, melhor», Miguel Esteves Cardoso, Público, 17.06.2009, p. 39). Também se diz assim, caro Miguel Esteves Cardoso, mas é muito inglês. Mesmo no meio económico-financeiro, tão submissamente permeável à língua inglesa, usa-se carteira para dizer o mesmo. É assim que vejo portfolio of shares traduzido por carteira de acções. Até nas publicações de teor exclusivamente económico tenho visto «carteira»: «Por exemplo muitos dos Fundos de Pensões Fechados geridos pela ESAF investiram recentemente num fundo de acções com uma estratégia quantitativa que representa um complemento da sua carteira de acções em 2 a 5%» («“Fundos voltam a ser alternativa de poupança muito forte”», Vítor Norinha, Oje, 28.04.2009). E, naturalmente, nos jornais generalistas: «O seu pai, que trabalhava no Brasil, tinha-lhe deixado uma tarefa de peso: gerir uma carteira de acções da empresa familiar, a Orey Antunes» («Ambicioso e destemido», Rita Roby Gonçalves, Diário de Notícias/DN Bolsa, 10.07.2009, p. 14).
«There is much evidence, for instance, that the performance of stocks is random — or so close to being random that in the absence of insider information and in the presence of a cost to make trades or manage your portfolio, you can’t profit from any deviations from randomness» (The Drunkard’s Walk — How Randomness Rules Our Lives, Leonard Mlodinow. Nova Iorque: Pantheon Books, 2008, p. 176).
2 comentários:
Helder, meu caro mestre,
Acredita que foi de propósito, para ser sarcástico acerca da recente sagração ortográfica de "portefólio", pela mesma altura que começou a orgia financeira?
Em português acho que deveria ser "pasta". Uma coisa em que se (trans)portam fólios e outros tamanhos.
"Caderno" serve para tudo mas, apesar de tudo, acho que deveria ficar para coisas encadernadas (e potencialmente escritas).
Um abraço (e que a mão nunca lhe pese, porque somos muitos a procurá-lo e a precisar de si),
Miguel
Então não acredito? Claro que sim.
Um abraço,
Helder
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