13.7.09

Urais ou Urales?


Ah, isso!...

      «Os líderes das quatro maiores economias emergentes vão dar sinal ao mundo da vontade crescente de se fazerem ouvir em uníssono, numa reunião ao mais alto nível hoje na cidade de Iekaterinburg, nos Urales russos» («Brasil, Rússia, Índia e China vão afinar a uma só voz nos Urales», Dulce Furtado, Público, 16.06.2009, p. 16). Este título do Público foi vilipendiado, de uma forma geral com frases cheias de erros, em toda a Internet. Contudo, esta variante, Urales, vai-se encontrando por aqui e por ali: «Já ninguém tem ou cultiva um sentimento de pertença, ao mesmo tempo afectiva e intelectual, a essa realidade matricial que se estende do Atlântico aos Urales» («Euroanalfabetos», Vasco Graça Moura, Diário de Notícias, 13.05.2009). Em relação a esta matéria, concordo com F. V. Peixoto da Fonseca, que escreveu: «A forma correcta é Urales, embora, pelo menos antigamente (quando eu era muito novo) correntemente se usasse Urais, como ainda prefere o Prof. José Pedro Machado, no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Assentando a palavra no singular Ural (através do francês Oural, de origem russa), sou de opinião que o plural não deve ser Urais, por não se tratar de termo vernáculo, como tal e tais, qual e quais, animal e animais, etc., com plural etimológico, em que o -l- latino intervocálico caiu por evolução fonética, visto estar entre vogais.»
      Já não me lembro como se escrevia na Vida Soviética (que eu lia com tanta avidez como lia a revista da John Deere, fiquei especialista teórico em forragens, ou as obras e adaptações de Adolfo Simões Müller), mas ia jurar que era Urales, o que seria natural, e foi a forma que sempre preferi. Argumentar-se que em espanhol é que é Urales é um completo disparate. Diria antes que também é a forma usada em espanhol, o que é diferente.

Actualização em 15.05.2010


      «Eram conhecidos pela palavra siberiana chaman e, no século XVIII, foram encontrados pelos exploradores por toda a parte desde os Urales a Tchuktchi, no Extremo Oriente» (A Filha de Rasputine, Robert Alexander. Tradução de Óscar Mascarenhas. Lisboa: Círculo de Leitores, 2007, p. 232).

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