A queda dum anjo
Um leitor pede a minha opinião sobre duas frases na mais recente crónica do Nuno Crato no jornal Expresso. Ei-las: «Dissemos ainda que a expressão ‘passeio aleatório’ designa um conceito científico importante, cujo seu estudo tem ocupado matemáticos, físicos e outros cientistas.» «Em cada momento, a variável X — a posição do cavalheiro — é incrementada ou subtraída de uma unidade, conforme dê um passo em frente ou a trás.»
A construção «cujo seu» não tem quase nada que se lhe aponte — só que o pronome relativo cujo seguido do pronome possessivo adjunto seu é assaz anómalo. E de notório sabor arcaizante. Nuno Crato parece Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda a falar no Parlamento. «Um dia, porém, quando elle saia da festividade de S. Sebastião, cujo mordomo era, deteve-se no adro, onde o rodearam os mais graudos lavradores da sua freguezia e das visinhas.» E mais: a vírgula antes de «cujo» está incorrecta, já que a oração introduzida por este pronome, sendo inequivocamente uma relativa explicativa, não precisa de pontuação, dado o valor adjectival de «cujo».
«Incrementada ou subtraída de» é também construção incorrecta, como já vimos aqui a propósito da construção paralela «aumentar em/de»: «Rodrigo de Sá Nogueira, na obra Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem (Lisboa: Clássica Editora, 4.ª ed., 1995, p. 65), escreve: “Outra construção condenável é: ‘aumentar em 50%’. — Leite de Vasconcelos, Lições de Filologia Portuguesa, p. 374 (2.ª ed.), diz: “b) Várias preposições: Preposição de. Erros: aumentar de um metro, e mais velho de um decénio, por aumentar um metro, e mais velho um decénio, ou um decénio mais velho; peço-lhe de vir por peço-lhe que venha…”»
Quanto, finalmente, ao advérbio, só posso crer que foi lapso, pois que se escreve «um passo em frente ou atrás».
Um leitor pede a minha opinião sobre duas frases na mais recente crónica do Nuno Crato no jornal Expresso. Ei-las: «Dissemos ainda que a expressão ‘passeio aleatório’ designa um conceito científico importante, cujo seu estudo tem ocupado matemáticos, físicos e outros cientistas.» «Em cada momento, a variável X — a posição do cavalheiro — é incrementada ou subtraída de uma unidade, conforme dê um passo em frente ou a trás.»
A construção «cujo seu» não tem quase nada que se lhe aponte — só que o pronome relativo cujo seguido do pronome possessivo adjunto seu é assaz anómalo. E de notório sabor arcaizante. Nuno Crato parece Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda a falar no Parlamento. «Um dia, porém, quando elle saia da festividade de S. Sebastião, cujo mordomo era, deteve-se no adro, onde o rodearam os mais graudos lavradores da sua freguezia e das visinhas.» E mais: a vírgula antes de «cujo» está incorrecta, já que a oração introduzida por este pronome, sendo inequivocamente uma relativa explicativa, não precisa de pontuação, dado o valor adjectival de «cujo».
«Incrementada ou subtraída de» é também construção incorrecta, como já vimos aqui a propósito da construção paralela «aumentar em/de»: «Rodrigo de Sá Nogueira, na obra Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem (Lisboa: Clássica Editora, 4.ª ed., 1995, p. 65), escreve: “Outra construção condenável é: ‘aumentar em 50%’. — Leite de Vasconcelos, Lições de Filologia Portuguesa, p. 374 (2.ª ed.), diz: “b) Várias preposições: Preposição de. Erros: aumentar de um metro, e mais velho de um decénio, por aumentar um metro, e mais velho um decénio, ou um decénio mais velho; peço-lhe de vir por peço-lhe que venha…”»
Quanto, finalmente, ao advérbio, só posso crer que foi lapso, pois que se escreve «um passo em frente ou atrás».